sexta-feira, 29 de maio de 2009

Combate com fogo

O fogo utilizado como ferramentas foi uma fonte de várias melhorias evolutivas nos seres humanos, a base para outras invenções que nos separaram de uma vez por todas dos outros animais. Além de ser usado para preparar comida e aquecer nossos ancestrais, o fogo também era usado como arma desde tempos imemoriais.


Os mortos-vivos não são animais e por isso não temem o fogo. Se queimados não sentirão dor, sequer perceberão as chamas ou diminuirão sua marcha inexorável em busca de nossa carne. Além disso, seus corpos demoram muito para serem consumidos pelas chamas e um zumbi em chamas é pior que um zumbi qualquer, pois este espalhará as chamas por todos os lugares.


Como então usar o fogo como arma do arsenal anti-zumbis? Se você lembrar que mesmo um morto-vivo destruído está infectado com o Solanum ou que a cabeça decepada de um desses monstros ainda pode morder, vai perceber que o melhor jeito de se livrar do corpo será através das chamas.


Pode-se criar chamas controladas em um determinado local, como um pequeno prédio ou um celeiro, repleto de mortos-vivos presos lá dentro. As chamas destruirão os corpos e o Solanum queimará junto. Pode-se criar profundas e largas trincheiras com material inflamável e incinerar os zumbis que vão caindo lá dentro. Uma vez que os mortos não raciocinam o suficiente para dar a volta no buraco, mas caminham em linha reta até sua presa, é só ficar do lado certo da trincheira e despachar com um tiro o morto-vivo que por ventura conseguir sair andando de lá.


Por mais atraente que possa parecer, explosivos, bombas incendiárias e mesmo lança-chamas não são boas armas contra os mortos que andam. Os explosivos, mesmo granadas de fragmentação, matam porque destroem órgãos vitais, dificilmente atingem a cabeça e ainda irão espalhar tecido infecto por todos os lados. As bombas incendiárias, “de fábrica” ou simples coquetéis molotov só queimam pele, gordura e um pouco de músculo, de modo que nem chegam perto de destruir o cérebro. Lança-chamas são ilegais, pesam mais de quarenta quilos, seu combustível – o napalm – é ainda mais difícil de ser conseguido que o próprio equipamento e muito provavelmente não destruirá os zumbis antes que eles cheguem até você, incendiando tudo ao redor.


O fogo deverá ser usado como arma tática, as armas primárias e secundárias ainda serão as que atiram balas. Perceba que numa guerra atual mal se usa fogo contra alvos humanos, que são muito mais suscetíveis aos seus danos.


Também ácido e radiação não são substitutos à altura. Ácido se consome junto com o que é consumido, é de difícil manuseio, não existem muitos reservatórios disponíveis para submergir um zumbi ou um grupo deles em ácido e se houvesse seriam necessários milhares de litros para acabar com todos eles e alguém para mantê-los lá dentro do reservatório. A radiação, num nível tal que pudesse destruir um cérebro infectado por Solanum ou matar os vírus que o anima, seria muito perigosa para nós. Se os níveis radioativos não forem altos o suficiente para destruir os mortos-vivos, você estará criando zumbis que espalharão radiação por todos os lados, complicando ainda mais a situação.


Exceto por armadilhas como desmoronamentos planejados e cercas eletrificadas à alta voltagem (o que gastará tanta energia que já de cara se torna impraticável na maioria dos casos), estas são as armas que temos, sendo o fogo o nosso maior aliado. Desde que o fogo seja tratado como uma força da natureza que não vê diferenças entre aliado e inimigo, este será a única coisa que impedirá que os corpos dos mortos se acumulem ao longo da guerra final que a humanidade travará no futuro. Do contrário, as cidades logo se tornariam fossas sépticas e não haveria solo ou água que não estivesse contaminado com Solanum.

quinta-feira, 28 de maio de 2009


Quinta-feira da semana passada eu caminhava do SESC do Ajuricaba à Vila Olímpica à passo acelerado quando bati fortemente o joelho direito. Eu estava sem grana para um ônibus, o joelho doía demais e estava mais ou menos na metade do caminho.


Sem outro remédio continuei andando para a Vila Olímpica, que estava a vários quilômetros dali.


Parecia que eu não poderia fazer mais nada o resto do dia, tamanha era a dor. Parecia que o menisco havia quebrado, mas eu sabia que não porque não ouvira o estalo. Pensava na aula de natação mais tarde, no horário que eu chegaria ao trabalho naquela velocidade, na dor desgraçada, nas caretas que eu fazia, nas pessoas me olhando. Acima de tudo isso eu me ouvia gemendo baixinho: era incontrolável.


Mas eu continuei andando. É interessante como a gente faz o que for necessário quando não há outro remédio senão ir em frente.


Uma coisa milagrosa aconteceu, no entanto. Com o passar dos minutos, a dor inicial diminuiu muito e eu ganhei velocidade. Passei a pensar que não chegaria tão tarde, que poderia nadar e, depois de mais algum tempo, já pensava em outras coisas que não tinham nada a ver com o acidente, pois a dor já havia sido esquecida. Como o corpo estava quente e eu não o deixei esfriar, o joelho não doía mais.


Quando finalmente percebi isso tracei um paralelo com os outros problemas que a gente tem na vida. Ao surgir uma dificuldade, imediatamente damos toda atenção a ela sem nem ao menos reparar se não é do tipo que vai se resolver sozinha, o que faz o problema parecer maior do que é. Se eu estivesse na minha mesa de trabalho ao dar essa joelhada, passaria o dia sentindo dor e reclamando, porque antes estava confortável, mas como estava numa situação que exigia atitude imediata, simplesmente segui com o que tinha de fazer, sem me importar com o problema que foi relegado ao segundo plano.


Outra coisa que eu pensei: não é porque você deu uma mancada que não vai conseguir atingir seus objetivos no devido tempo.


Cheguei ao trabalho com apenas cinco minutos de atraso e falando pra todo mundo da joelhada voadora que eu acertei no muro, mas a dor só viria depois de me sentar e relaxar. Falei por falar e ainda ganhai um chocolate amargo da Talita.


Errar é humano, tropeçar é comum. Ser capaz de rir de si mesmo é maturidade - William Arthur Ward

quarta-feira, 27 de maio de 2009



Um tempo atrás publiquei aqui as qualidades da minha mulher ideal. Falei inclusive que se gerasse muita polêmica (o que nunca aconteceu) eu explicaria melhor. Entre outras coisas, disse também que eu tenho praticamente todas as qualidades que havia listado, mas daí a pessoa interessada teria de ficar adivinhando quais dessas qualidades eu teria e quais não.


Pensando nisso, e em homenagem à Yara Castro que me incentivou muito nesse sentido, posto aqui as minhas qualidades. Aproveito para dizer que são as qualidades para o momento, que sou um cara adaptável e que estou passando por reformulações gerais desde os últimos meses de 2008, sem aviso prévio para terminar as reformas.



1 Charme rude

2 Atendo à pedidos na medida do possível

3 Muito carinhoso

4 Amo meus filhos e crianças em geral

5 Amável

6 Inteligente

7 Gosto de bater cabeça (headbanging)

8 Respeito seus gostos

9 Falo bem da pessoa amada

10 Lhe respeito como mulher e ser humano

11 Bonito

12 Abomino ciúmes e evito isso

13 Me visto razoavelmente bem

14 Me porto muito bem

15 Adoro seus amigos

16 Tenho leitura

17 Te acho linda e isso vai aumentando com o passar do tempo

18 Ajudo em tudo o que posso

19 Dou idéias

20 Dou apoio

21 Me interesso pela sua vida, sua rotina

22 Lhe levanto quando está pra baixo

23 Aceito críticas

24 Te incluo em meus planos para o futuro

25 Sou responsável

26 Gosto de fazer coisas ao seu lado

27 Trabalho

28 Quero ficar ainda mais bonito pra você

29 Aceito elogios

30 Não sou mandão

31 Não sou “grudento”

32 Faço agradáveis surpresas

33 Tenho bom senso de oportunidade

34 Tenho sonhos e os persigo

35 Tenho ambições decentes na vida

36 Sou muito legal

37 Te acho melhor que chocolate

38 Eu quero sempre estar por perto e não morro se não puder

39 Sinto sua falta quando não está

40 Não trago inquietação

41 Adoro sua personalidade

42 Não sou machista

43 Não sou feminista

44 Te digo quando estás errada discretamente e reservadamente

45 Ajudo com as tarefas de casa

46 Penso grande

47 Te faço se sentir importante

48 Tento te fazer feliz diariamente

49 Não fumo

50 Não bebo até cair

51 Quero tentar coisas novas

52 Gosto de ler

53 Leio livros interessantes

54 Cheiro muito bem

55 Tenho boas companhias

56 Não tenho problemas com ex-namoradas ou ex-mulher

57 Sou flexível nas atitudes

58 Sou saudável

59 Tenho uma família receptiva

60 Absolutamente fiel

61 Massagista prático



Além dessas qualidades existem outras que eu ando perseguindo. Procuro fazer um aperfeiçoamento contínuo, estilo kaizen, mas costumo me adaptar às configurações pessoais da namorada. Estou sozinho há algum tempo justo porque gosto da entrega e não me achava pronto para me entregar a ninguém. Espero o mesmo daquela com quem irei repartir minha vida pelo tempo que tiver de ser.

terça-feira, 26 de maio de 2009


Um samurai, conhecido por todos pela sua nobreza e honestidade, veio visitar um monge Zen em busca de conselhos. Entretanto, assim que entrou no templo onde o mestre rezava, sentiu-se inferior, e concluiu que, apesar de toda a sua vida lutando por justiça e paz, não tinha sequer chegado perto ao estado de graça do homem que tinha à sua frente.


- Por que estou me sentindo tão inferior? – perguntou, assim que o monge acabou de rezar. – Já enfrentei a morte muitas vezes, defendi os mais fracos, sei que não tenho nada do que me envergonhar. Entretanto, ao vê-lo meditando, senti que minha vida não tinha a menor importância.


- Espere. Assim que eu tiver atendido todos que me procurarem hoje, eu lhe darei a resposta.


Durante o dia inteiro o samurai ficou sentado no jardim do templo, olhando as pessoas entrarem e saírem em busca de conselhos. Viu como o monge atendia a todos com a mesma paciência e o mesmo sorriso luminoso em seu rosto. Mas o seu estado de ânimo ficava cada vez pior, pois tinha nascido para agir, não para esperar.


De noite, quando todos já haviam partido, ele insistiu:
- Agora o senhor pode me ensinar?


O mestre pediu que entrasse, e conduziu-o até o seu quarto. A lua cheia brilhava no céu, e todo o ambiente inspirava uma profunda tranqüilidade.


- Está vendo esta lua, como é linda? Ela vai cruzar todo o firmamento, e amanhã o sol tornará de novo a brilhar. Só que a luz do sol é muito mais forte, e consegue mostrar os detalhes da paisagem que temos à nossa frente: árvores, montanhas, nuvens. Tenho contemplado os dois durante anos, e nunca escutei a lua dizendo: por que não tenho o mesmo brilho do sol? Será que sou inferior a ele?


- Claro que não – respondeu o samurai. – Lua e sol são coisas diferentes, e cada um tem sua própria beleza. Não podemos comparar os dois.


- Então, você sabe a resposta. Somos duas pessoas diferentes, cada qual lutando à sua maneira por aquilo que acredita e fazendo o possível para tornar este mundo melhor, o resto são apenas aparências.


Enviado pelo amigo Wendel