segunda-feira, 6 de abril de 2009

Características de um morto-vivo

Quase todos nós já assistimos a um filme “de mortos-vivos”, subgênero de terror em que o cerne da história é que os mortos voltaram para se alimentar dos vivos. Aqueles que assistiram a alguns filmes desses têm uma noção do que é um morto-vivo, mas para se estar apto a combater este inimigo, se faz necessário conhecer suas fraquezas e pontos fortes.

Nesta obra vamos usar preferencialmente o termo morto-vivo para designar cadáveres humanos reanimados pelo vírus Solanum. Poderíamos usar muitos outros, mas este termo parece ser o mais popularmente conhecido e por esta razão prática será o mais usado. Entre outros termos encontrados na literatura consultada destaco zumbi, necrófilo, morto e cadáver ambulante. Um grupo de mortos-vivos também é conhecido por hordas balouçantes ou outro nome menos poético.

Mais uma vez: um morto-vivo nada mais é do que um cadáver reanimado por um vírus. Não há nenhuma força maligna envolvida e sua alma não será condenada no processo de reanimação. Como o cadáver ambulante foi anteriormente um ser humano infectado, vamos partir daí a nossa identificação do morto-vivo.

Nunca encoste em uma pessoa sangrando muito, ainda que se trate de um amigo querido. Seu amigo pode ter contraído previamente uma de inúmeras doenças infecto-contagiosas que se transmitem pelo sangue e basta uma pequena lesão na pele na área de contato para se infectar. Boa parte dessas doenças tem cura, algumas não e são mortais, tais como a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida e a infecção por Solanum.

Ao se deparar com uma pessoa sangrando muito, lembre-se sempre de que ela pode estar infectada e quase que certamente estará muito nervosa, podendo reagir violentamente. Com muito tato, peça para ver a ferida que está causando a hemorragia. Se observar marcas de mordida, cuidado, pois pode se tratar de ataque de morto-vivo.

A mordida de um morto-vivo deixa sinais reconhecíveis. Se um pedaço da carne foi arrancada, com tendões inclusive, quase que imediatamente se pode excluir ataque de animal, pois as mandíbulas dos carnívoros são feitos para prender a vítima com os caninos e a carne só é rasgada depois da morte da presa e com o uso da força. Os dentes responsáveis por cortar são os incisivos, que são subdesenvolvidos nos carnívoros.

Temos incisivos bem desenvolvidos. Morda uma maçã e veja o tipo de marca que você deixou: é esta marca que você estará procurando em uma vítima de ataque de mortos-vivos. A mordida humana pode ter uma pressão superior à de um golpe de karate.

Claro que esse não é o único meio de se infectar, pois na luta contra um agressor morto-vivo a vítima pode ter entrado em contato com fluidos corporais contaminados e estar infecta. O próximo passo, então, é encontrar marcas de apodrecimento irradiando a partir das feridas, com todas as características de um estado de decomposição, tais como descoloração ou marcas escuras e o cheiro característico de carniça.

Isso acontece porque ao se replicar o Solanum destrói as células no caminho, mas só até destruir o lobo frontal do cérebro. Após a morte da vítima, a taxa de decomposição cai muito, como visto no capítulo “O Vírus”. O humano infectado, se não morrer rapidamente devido à hemorragia, vai sofrer uma morte lenta, envenenado por Solanum, que provoca uma septicemia extremamente agressiva.

Algumas horas depois, com o cérebro completamente modificado pelo Solanum, o corpo da vítima vai se erguer para recomeçar o ciclo. É importante salientar que se trata do corpo e não da vítima do ataque e que tal corpo deve ser destruído e despojado corretamente.

O aspecto de um morto-vivo varia muito assim como variamos muito entre nós. Não existirão dois mortos absolutamente iguais, assim como não existem, de fato, gêmeos idênticos. Ainda assim, podemos destacar características comuns a todos eles.

Todos os mortos que andam o fazem muito devagar. Seus corpos têm rigor mortis num primeiro momento, como em qualquer cadáver, e depois que este rigor cessa a decomposição inicial, ainda que lenta, impede o morto-vivo de fazer movimentos muito bruscos, graciosos ou complexos. Sua pele tem perceptíveis livor mortis e algor mortis, seus olhos são esbranquiçados.

Ao detectar uma presa, o zumbi estenderá os braços em direção ao seu alvo, deixará a mandíbula escancarada e irá emitir um gemido característico, provocado pela contração do diafragma provocando uma passagem de ar pelas cordas vocais endurecidas. Ao se aproximar de uma vítima, o tom do gemido se altera, como se o morto-vivo estivesse excitado com a próxima refeição. O som é assustador para seres humanos e foi provado através de registros históricos que ficar ouvindo esse lamento por dias a fio pode levar à loucura. Provavelmente o gemido serve para alertar os outros mortos-vivos que estão ao redor da presença de presas, pois é relativamente fácil fugir um de necrófilo apenas.

Apesar de ter todos os sentidos amortecidos pelo apodrecimento o morto-vivo consegue localizar a presa com impressionante facilidade. Isso acontece porque, diferente de nós, que somos dependentes demais da visão para viver, os zumbis se utilizam de uma mistura de informações que captam do ambiente simultaneamente através dos cinco sentidos trabalhando em conjunto. Existe uma teoria de que os mortos-vivos sejam possuidores de uma espécie de sexto sentido que é excitado depois que o cérebro é modificado pelo Solanum, mas o mais provável é que eles investiguem tudo o que percebem, uma vez que não têm poder mental para decidir ignorar um som qualquer, por exemplo.

Se um morto-vivo segurar uma presa ele não a soltará até terminar de comer ou ser destruído. Ele não sente dor, não cansa e não tem medo. Só um movimento especial, uma forte pancada no pulso ou muita força o fará soltar, mas aí ele segurará novamente. O morto anda com as mãos estendidas para agarrar e impedir a fuga da sua próxima refeição. Como não temem nada, mortos-vivos não se defendem.

Além da falta de inteligência, os mortos-vivos têm três desvantagens que dever ser exploradas: lentidão, falta de coordenação e de regeneração.

Um morto que caminha o faz no máximo a um metro e meio por segundo, sendo o tamanho das pernas o principal fator. Só não se deixe cercar por eles. Não adiantará sair correndo a esmo, pois eles lhe escutarão e seguirão na direção do som, mesmo sem saber por que ou sem ver o que produz o barulho. Daí quando você cansar, todos os zumbis que o escutaram, durante o tempo que você correu, irão lhe cercar. O ideal é saber para onde vai e ir andando depressa, em silêncio.

A falta de coordenação faz com que os mortos-vivos não possam subir escadas verticais, cordas ou fazer qualquer movimento fino, como usar chaves em fechaduras, mas é possível que muitos deles, se acumulando do lado de fora de um muro subam uns por cima dos outros e ultrapassem os muros.

A cada vez que usamos os músculos, sofremos pequenas rupturas nas fibras musculares. A regeneração natural faz com que essas fibras engrossem e se tornem mais fortes. Um halterofilista de mais de cem quilos tem o mesmo número de fibras musculares de um nerd de cinqüenta quilos. Um morto-vivo sofre danos irreversíveis nessas fibras a cada vez que realiza qualquer ação e, uma vez que não pára nunca, fica cada vez mais fraco, lento e estabanado.

Uma vez que o cérebro é o motor, destruí-lo é o único modo de parar um cadáver reanimado pelo Solanum. Cuidado: uma cabeça decapitada ainda é capaz de morder!

Os morto-vivos nunca atacam uns aos outros, evitando esbarrar neles como evitam bater em mobília. Ninguém sabe como eles identificam uns aos outros evitando assim ataques inúteis, mas de fato o fazem. Não se pode, no entanto, se fingir de morto-vivo para passar despercebido por eles. Os mortos também não agem em grupo, mas como uma massa de indivíduos. Não há comportamento de matilha ou ataque coordenado, não há sinais ou linguagem. Todos atacam ao mesmo tempo porque querem a mesma coisa: comida.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mas o que eles querem mesmo é "CELEBRO,CELEBRO,CELEBRO."
hsushsuhsuhsusus
Mas se um zumbi ja esta morto como a gente pode mata-lo heiiiim heiiiim heiiiim.

RicardoOno disse...

Essa semana foi lançado o que promete se tornar rapidamente um clássico "Orgulho, Preconceito e Zumbis"! http://tinyurl.com/dx8ley