terça-feira, 14 de abril de 2009


Época estranha essa da Semana Santa. Aconteceram coisas demais para quem estava procurando ficar quieto, perceptíveis nos planos físico, espiritual e mental.


Quarta-feira foi estranha por diversos motivos. Havia dormido razoavelmente bem e me sentia disposto, tanto que já me levantei pensando nas tarefas do dia, nos encontros que teria pela frente, no aniversário da Sister Rafaela, nos meninos que deveria ir ao São José para passar a Semana Santa com a mãe deles, Adriana de Jesus, no último dia de trabalho antes de cinco dias de folga...


Antes mesmo de tomar café resolvi ligar para a ex-mulher e perguntar como fazer com as crianças e levei a primeira porrada do dia: ela iria querer brigar pelas crianças no tribunal ano que vem, pouco tempo depois de eu me formar. Depois de perguntar o porquê e de ouvir os motivos dela, entendi que era pelos motivos errados, que não riria resolver os problemas dela e que eu pouco poderia fazer se ela realmente batesse o pé. Dei uma dissuadida básica, mas resolvi não discutir com ninguém antes do café da manhã.


Antes do café a Mamma começou a me aperrear enquanto eu pensava no segundo golpe do dia. A Adriana não riria ficar com os meninos na quarta, só na quinta-feira, de modo que iria perder o aniversário da Sister Rafaela, pelo qual esperei dez dias fazendo contagem regressiva. Me calei, fui até o computador e escrevi algo sobre o assunto no Twitter. Sei que as coisas ruins vêm em pacotes de três, então, me preparei para uma terceira sacanagem da grossa, pois deveria ser algo no mesmo nível.


No entanto, nada apareceu de pronto. Tomei meu café, procurei ficar em paz, assisti às crianças, cuidando do Luiz Felipe principalmente uma vez que este estava ferrado da virose. Logo estava comendo novamente e indo ao trabalho.


Cheguei lá e me disseram que o Diretor Presidente viria falar à tarde comigo e com o Brother Perseu. Na hora pensei “terceira maldição do dia”, mas eu estava enganado, pois tratava-se de mais um pacote de três coisas escrotas: não teríamos mais Internet na minha sala, provavelmente para sempre; não teríamos mais rock&roll, pois entendiam que o som em qualquer altura atrapalhava o atendimento e; ponto eletrônico com impressão digital em breve, de maneira que não poderíamos fazer mais nosso horário.


Passei a tarde sentindo calafrios. Comentei isso com o Brother Perseu, mas não percebi que isso era a terceira grande sacanagem incluída no pacote da manhã. Terminei o que tinha pra fazer e fui pra casa, pus os meninos pra dormir (já que só iriam no dia seguinte) e terminei capotando junto com eles, pois estava inexplicavelmente cansado.


Acordei umas vinte e três horas com uma forte sensação de afogamento. A cabeça rodava e eu estava com febre alta. Dores musculares me avisaram de que eu finalmente havia capitulado frente à virose que conquistou tantos conhecidos meus. Resolvi baixar a febre através de meditação aprendida na AMORC... E deu certo!

Mas o sono não veio. A cabeça trabalhava furiosamente e por motivos pequenos. Perto de uma da manhã levantei e ao computador escrevi um pouco. Praticamente havia arrumado textos para o Sucupiras para o resto da Semana Santa, mas precisava arrumar.


A febre voltou e, como estava nervoso, usei paracetamol no lugar do controle de chacras. Publiquei alguma coisa naquela madrugada mesmo, início de quinta-feira. Drogado, voltei a dormir e fiz isso até depois do meio-dia, só levantando porque a empregada tem intimidade o suficiente para me sacudir na cama.


Passei o dia incrivelmente fraco. Fiz demonstrações exageradas de fraqueza para as crianças a fim de que me deixassem em paz, conseguindo um sucesso parcial. Ao mesmo tempo em que pensava no aniversário perdido, pensava também que não havia nada para a quinta-feira, de modo que se eu descansasse bem, comesse bem, tomasse os remédios direitinho, poderia curtir a sexta-feira. Como se em resposta a isso, no Twitter me convidavam para ir assistir Presságio, com Nicholas Cage.


Foi um dia de descanso. Ao mesmo tempo em que gente me dizia algo como “puts, doença no feriado ninguém merece”, eu pensava que seria uma chatice ainda maior ficar doente e ter de trabalhar quinta e sexta-feira e fiquei de boa o dia todo. Assisti O Iluminado, com Jack Nicholson, junto aos meus filhos, sendo que a mulher do Jack os assustou muito mais que os fantasmas. Certas feiúras são universais...


À noite levei ao meninos ao São José junto ao papai, que me deu uma carona. Larguei eles lá com um monte de remédio para o Luiz Felipe, PLayStation II e recomendações gerais. Conversando com o Papai e convidando ele para ar uma volta comigo, descobri que ele está frustrado por ter de tomar conta 24 horas por dia, todos os dias, de dois filhos pequenos que ele arrumou algum tempo depois de se separar da Mamma. Ele estava quase afônico, mas fumava mesmo dirigindo e tentava gritar de raiva mesmo assim, enquanto esmurrava o volante. Tudo isso com a minha irmã de nove anos no banco de trás. Tentei bolar um plano para ele ir comigo à um bar, mas ele disse que não rolava por vários motivos.


O nervosismo da Mamma e a brutalidade do Papai são dois defeitos que todos nós, seus filhos, carregamos neste ou naquele grau, mas cada um buscou controlar isso desde que reparou o quão prejudicial isso foi na vida deles.


Na sexta-feira eu acordei muito melhor, ainda que tossindo um pouco. A maior parte das dores me abandonou, a dificuldade em respirar se foi e eu não apresentava febre há quase vinte e quatro horas. Lembrei do Brother Flávio que havia sido hospitalizado num dia e no outro bebia e fazia um show pros amigos. Essa virose é foda, mas pega pesado só um dia pros adultos.


Passei o dia e a tarde em frente ao computador, escrevendo, pesquisando, lendo, me comunicando com o pessoal. O Irmão Rafael resolveu me acompanhar ao cinema e eu fui logo avisando do horário. O Brother Flávio me ligou para falar que iria cantar no Vitrola, mas como convidado de outra banda, a Break Season, que foi a última banda a tocar naquele aniversário de uma semana antes e que tinha uma vocalista professora do Luan.


Nos atrasamos um pouco, mas o Irmão Rafael resolveu isso bancando um táxi. Chegamos cedo e ficamos batendo papo. Ainda não estava totalmente recuperado e havia ficado chateado com o Irmão Rafael, que sempre demora para sair, não importando a hora do evento, se avisamos antes, ou se ele esteve desocupado a manhã inteira. Estava meio quieto, nada de mais, mas a Sister Yara foi logo reparando e não fez cerimônia em perguntar “o que que tu tens?” duas vezes, mesmo comigo dizendo “nada, estava distraído/prestando atenção/viajando/pensando com meus botões”. Ela trouxe mais um brother com ela, mais ninguém dos que confirmaram apareceram.


Vimos o filme, que foi do caralho. A sala estava fria, mas aprendi a controlar a temperatura corporal deixando de pensar na temperatura ambiente. Saímos do filme e retornamos às mesas do Giraffas, ponto de encontro usual do BlogMao. Logo chegaram Liceana, Mário e Yasmin Lima, uma amiga da Yasmin – Kamila – e dois amigos do amigo da Yara. Os assuntos foram bem variados e por vezes rolaram três conversas distintas à mesa.


Passamos um bom tempo lá. Levamos as pessoas aos pontos de ônibus, aonde continuávamos a conversar. Eu e o Irmão descobrimos um ônibus em comum com Mário e Yasmin e daí esperamos este para irmos juntos.

Ao chegar em casa, resolvi dar mais um tempo para mim mesmo e não fui ver o Brother Flávio cantar. Havia passado o dia tentando falar com ele para confirmar isso, mas não consegui ser atendido no telefone residencial. Como meu celular continua arruinado, não pude procurá-lo fora de casa.


Dormi bem e muito. Acordei perto de uma da tarde, comi pirarucu de casaca (como em todos os outros dias de folga da Semana Santa), conversei com o povo de casa, prometi um ovo de páscoa para a empregada e liguei para a Sister Talita, que deveria me levar para a casa de uma amiga de um amigo nosso.


Ao falar com ela, esta me lembrou que havíamos marcado dela me fazer a barba. Tratava-se de uma experiência que a gente havia marcado, mas que eu esqueci completamente. Separei a tesoura, o pente, a lâmina de barbear e a máquina de cortar cabelo.


Ela chegou ao final da tarde e como eu tinha de fazer algumas coisas para a Mamma levou um tempo, mas finalmente ela me barbeou com algumas orientações minhas. Foi a primeira vez que ela fez isso e nem me cortou, nem estragou a barba. Ao contrário: ficou ótimo, como se ela trabalhasse com isso. Levou uma hora.


Fizemos compras no DB da Pedro Teixeira e depois de deixarmos parte das compras em casa fomos ao Débora para o encontro de amigos. Deveria rolar poker lá, estilo Texas Hold’em.


Fomos resgatados na praça daquele conjunto pelo Brother Falcon. O pessoal era bem jovem ainda, com pouco mais de vinte anos, mas até que eu me entendo bem com essa faixa etária. Jogamos Mimics boa parte da noite, comemos pizza, cheeto’s, vários tipos de chocolate e essas coisas. Não comi muito disso porque já havia comido em casa e porque, exceto pela pizza, não sou de comer muita junkie food. Outros fumaram, beberam refrigerante, experimentaram katchup com tudo, tacaram água da piscina até em quem não tinha nada a ver coma brincadeira...


Quando começou o poker a Mamma me liga me dizendo que a minha avó Rosa estava hospitalizada no Hospital Universitário 28 de Agosto, que o SAMU havia ido buscá-la em casa e que ela sentia fortes dores, falta de ar e que gritava o tempo todo. Eu deveria voltar pra casa imediatamente.


Ainda fiquei um tempinho com o pessoal, expliquei a situação por alto e me mandei.


Cheguei em casa antes dos Irmãos, que deveriam retornar com notícias. A Mamma estava inquieta, mas bem. Depois de bater um papo com ela, fiquei na sala assistindo MTV e digitando um pouco pra descontrair. Quando os Irmãos chegaram, descobri que os médicos achavam que ela havia tido um pequeno infarto, mas que mais testes seriam necessários. Uma tia minha, sua filha, iria ficar de acompanhante durante a madrugada e manhã seguinte.


Era pra nós nos reunirmos no domingo de páscoa na casa da vovó Rosa, com meus filhos e tudo, mas agora isso não iria mais acontecer. Liguei pra Adriana de Jesus e avisei pra ela o que estava acontecendo. Não sabíamos mais que horas iríamos buscar os meninos.


No domingo de Páscoa fizemos em casa mesmo o café da manhã que esperávamos fazer na casa da vovó. Participaram eu, Irmãos, Mamma e Nailza, a noiva do Irmão Rômulo. Fizemos uma pequena oração e atacamos. Por algum motivo eu dormi tarde, mas acordei às seis da manhã no domingo. Mesmo tentando voltar a dormir, não consegui, daí me levantei às oito, depois de ler na cama, e fui arrumar a mesa para o referido café da manhã.


Pouco tempo depois rumávamos para o hospital. Conversamos com a Tia Nena ao chegar e nada de mudanças, exceto que a morfina fez a velhinha relaxar um pouco. Sempre me lembro de filmes de guerra quando ouço falar em morfina.


Fomos eu, Irmão Rômulo e Nailza buscar as crianças. Vimos um monte de cachorrinhos que uma das cadelas da Adriana havia parido e conversamos um pouco. Pegamos as crianças e o PS II e partimos de volta ao 28 de Agosto resgatar o resto do pessoal.


Em casa, distribuição de chocolates para a criançada, brincadeiras, Ultraje a Rigor, Internet, pirarucu de casaca, PS II e cama. Levantei algum tempo depois e a Mamma me perguntou se eu poderia ficar com a vovó durante a manhã de segunda-feira. Claro que sim. O ruim é o horário de troca, sete da manhã impreterivelmente, mas tudo bem. A Mamma deveria me substituir ao meio dia. Também na segunda-feira saberíamos o resultado de alguns dos exames da vovó, que foram feitos no João Lúcio, um hospital da Zona Leste.


Passei a manhã no 28 de Agosto. Nunca havia adentrado o local. Muitas pessoas arrebentadas durante o final de semana estavam lá e não parava de chegar gente. Havia o pessoal do interior do estado que não tinha como se tratar na sua cidade, todos os seus parentes atônitos e perdidos, havia uma quantidade incrível de velhos acabados pela vida difícil e pelas doenças, havia gente jovem e esfaqueada, mas havia também ferimentos leves, gente apenas de passagem, funcionários prestativos e educados e solidariedade humana frente a males comuns.


Fiquei levando conversas leves com a vovó depois de descobrir dela que ninguém havia lhe dito o que ela tinha e que todos os exames foram feitos no 28 de Agosto mesmo. Enquanto estive lá, procurei me focar nela, mas fui ajudado e ajudei também, tomando cuidado para não entrar em contato com o sangue dos outros que pingava por todo o lado quando menos esperávamos.


Mesmo assim, vi coisas que neto nenhum deveria ver...


Quando falei do casamento iminente do Irmão Rômulo, a vovó Rosa começou a me falar da Amanda, a mulher com quem pensei que iria casar, mas que se decepcionou comigo. Foi uma breve conversa, mas ela me disse o que ela gostava na Amanda, meio que dizendo que isso seria importante para a próxima mulher que eu arrumasse. Daí falei pra vovó coisas que nunca disse, desde como iam as coisas na minha cabeça até os planos e esperanças básicos para o futuro, passando pela solidão de agora. Fiquei ao seu lado das sete da manhã até a hora do almoço.


Ao meio dia a Mamma me substituiu e fui à pé pra casa. Precisava caminhar. Passei em frente à Central de Artesanato Branco e Silva e peguei um folder de alianças para os noivos.


Minha avó foi quem me deu as primeiras camisas de caveira e me ajudou a ser roqueiro. É da parte da família que é unida, que se importa comigo e com quem me cerca, que torce por mim e essas coisas. Agora é esperar pra ver.

2 comentários:

Unknown disse...

eu sempre sei qnd as pessoas estão mentindo pra mim, aventualmente algo me escapa, équando geralmente me ferro mas isso não vem ao caso..

VoCê sempre tem uma hora meio bicudo, no dia filme foi logo no começa... Ja te falei que pensar sobres as maselas da nossa vida é deprimente e contraproducente..

Sorria! Enquanto ainda tem dentes!
\o/

Bjoos

Anônimo disse...

O meu feriado foi bom ,pude descançar e etc.
Foi legal o nosso programa de sabado,vamos repetir em breve.
okay.
abracos.