segunda-feira, 29 de dezembro de 2008


Meu final se semana foi muito bom, como tem sido, aliás, há algum tempo.

Sexta à noite fui pra a casa da Nailza, namorada do Irmão Rômulo. Fui de carona com o Papai, depois de ir deixar a crianças na casa da mãe deles. Havia passado o dia e parte da tarde olhando, cuidando e brincando com eles. Há tempos eu não fazia isso, mas estava algo ansioso para voltar à experiência de viver sozinho por um tempo.

Lá não há aparelho de som, mas há um home theater no quarto da Nailza. Ele não funcionava e eu passei algum tempo arrumando isso. Era uma espécie de quebra-cabeças, pois havia um histórico de DVDs que não haviam mostrado som algum e eu sabia que deveria ser por alguma falha na instalação.

Depois de muito olhar e mexer, descobri um fio conectado em um lugar errado, um plugue fora da tomada e um botão no “off”, só que, surpresa! Eu não trouxe nada para ver ou ouvir lá. Digo, sei que funciona porque pus um DVD da Nailza para o teste, mas não tinha nenhum metal para ouvir.

Assim sendo, fui ver um filme na TV à cabo e depois li um livro até pegar no sono, o tal Estrada que eu venho ledo dia a dia.

No sábado levantei quando quis, sem interferências externas. Fui o banheiro e voltei à cama, uma vez que não havia absolutamente nenhum compromisso até o final da tarde, nem mesmo louça para lavar ou coisa assim.

Experimentei uma felicidade simples que há tempos ansiava. Trouxera comigo roupas para parte da semana, além de coisas como lâmina de barbear, perfume, desodorante, dinheiro...

Além de arrumar isso da maneira que me apeteceu, no chão mesmo para não usar o armário dos outros, configurei algumas coisas na casa para que as coisas mais usadas estivessem mais à mão. Removi alguns enfeites do lugar para que não me atrapalhassem ou para que eu não quebrasse inadvertidamente, selecionei um local para a roupa suja, rearrumei parte da comida e até mesmo fiz um açucareiro a partir de um pote de geléia vazio, bem lavado e seco por mim.

Experimentei cozinhar para mim mesmo, fazer café e deixar a mesa arrumada para mim mesmo. Lavei copos e talheres e pus em um lugar mais ergonômico, relacionado com o meu dia-a-dia. Comprei um pão de centeio sem ter de me preocupar com o gosto de mais ninguém, verifiquei o prazo de validade dos frios e cuidei com carinho da roupa que usaria no budô taijutsu e no Tributo ao The Doors mais tarde.

Tranquei a casa e saí andando, não sem antes deixar uma pequena armadilha para pegar um possível invasor no portão da frente.

Verifiquei o preço dos cadeados perto da casa. Acho que uns dois cadeados a mais e uma corrente ajudarão e muito o problema das invasões. Não que o bandido que andou passando por uma abertura do portão possa entrar na casa, ela é muito bem gradeada, mas ninguém quer chegar ao lar e descobrir alguém no quintal procurando pela entrada mais fácil...

Eu não sabia que ônibus tomar para ir ao ShinShinGan Dojo saindo do Santos Dumont, então, andei até entrar em uma rua que eu sabia que o 440 ou o 350 passaria. O clima estava ameno e eu gosto muito de andar, especialmente quando o lugar é novo e cheio de informações para absorver. Andei por uma hora e meia com a mochila do Irmão Rômulo nas costas, mas nem senti o peso, pois me preocupava muito mais o atraso. Cheguei trinta minutos depois do horário da aula.

O Santos Dumont é um conjunto do Bairro da Paz. As casa são grandes e as ruas são arborizadas. Há uma praça, com um ar meio decadente, que contém um rio encanado que a atravessa. A Avenida Santos Dumont é a principal e é incrivelmente bem ventilada. Sinto vontade de morar nesse lugar. Ainda vou fazer um picnic nessa praça.

No ShinShinGan Dojo, além do básico, treinamos o apresamento de membros do oponente para o quebramento ou arremesso subseqüente deste. Percebi que ainda estou muito primário ao treinar com um garotinho que sabia mais que eu e ao treinar com um amigo que me mostrou erros de postura que eu não consegui arrumar até o final da aula.

Aconteceram três coisas dignas de nota no treino deste sábado. A primeira é que eu não me machuquei ao fazer os rolamentos, que saíram mais naturais.

A segunda é que o Sensei Kleitor, ao demonstrar um movimento que não aparentava força alguma, me ouviu dizer “isso é para cegar o oponente”. Não era. Ele me disse que o movimento era devastador, mas eu não conseguia aceitar isso, pois se tratava de um soco em que nem ao menos o cotovelo era dobrado. Daí ele foi à casa e voltou de lá com um livro de mais de mil páginas, mandou um amigo que era bem forte segurar o livro em frente ao meu rosto, com uma boa distância, para evitar a transmissão da energia cinética para a minha cabeça e, ao desviar o meu golpe e socar o livro, o impacto foi tão terrível que deformou o livro a ponto de sua mão seguir o curso e me atingir o rosto de leve, entre a maçã esquerda do rosto e o nariz.

Fiquei cego por um instante e depois senti uma dor aguda. Daí percebi o Sensei com uma cara muito preocupada perguntando se eu estava machucado. Eu disse “estou, mas normal, tem nada não”. Um amigo disse para eu não chorar, em tom de brincadeira, aí eu percebi que estava lacrimejando.

Fui interessante porque logo parou de doer, não me deixou marcado e eu sei que o movimento funciona de verdade, de uma maneira que não saberia sem experimentar ao menos uma fração do movimento.

O princípio dos golpes impactantes do budô taijutsu prega que você não deve usar a força muscular, mas a sua massa ao desferir o golpe. Meu Sensei pesa tanto quanto eu, pouco mais de sessenta quilos, de modo que esse golpe que atingiu o livro tinha mais da metade do direto do Mike Tysson. Depois de entender isso, percebo claramente porque posso derrubar oponentes maiores e mais rápidos que eu com o budô taijutsu.

Isso que o golpe é seguido de apresamento e projeção do oponente ao chão...

A terceira coisa digna de nota foi uma conversa que tivemos com o Sensei Kleitor depois da aula. Na conversa descobri um amigo que passava por problemas e pude ajudar com conselhos. Recebi um conselho do Sensei, que na verdade foi direcionado a todos: “budô é vida e seu budô só vai bem se sua vida vai bem”. Depois disso ele discorreu sobre a importância de ter coragem para levantar cedo, para enfrentar os problemas, para não deixar as coisas para amanhã... se você cumpre com suas obrigações e não deve nada a ninguém, não tem medo de ninguém.

Dali peguei o 440, que passava muito mais perto da casa da Nailza do que eu esperava. Chegando lá, depois de comer e tomar banho, uma moleza ancestral tomou conta de mim, mas eu pensava sempre “ficar em casa fazendo o quê?”. Lentamente fui me aprontando para o Tributo ao The Doors, aonde eu encontraria a Filósofa do Rock, que eu conhecia apenas de Orkut.

Levou algum tempo para o ônibus passar e mais algum tempo para achar o Café Atômico, mas eu o encontrei. O que eu não esperava era que o tributo tivesse começado às 22:00. Cheguei lá perto de meia-noite e perdi Whisky Bar, música que eu conheço, gosto e sei cantar.

De qualquer modo, o troço foi muito bom. O bar é pequeno e aconchegante, aparece todo o tipo de malucos. O povo era, na maior parte, da Cidade Nova mesmo. Encontrei a Filósofa logo que eu cheguei, mas ela estava com mais gente e ficou dividido a atenção com todos, sem nunca descuidar deste amigo que escreve aqui.

Aprendi a curtir sozinho, mas foi muito bom encontrar ela por lá. Sério mesmo! Ela é muito interessante e tem estilo. Tem uma voz clara e forte e esmo a sua roupa era legal: me passei pelas botas de bico fino e pelo chapéu de couro com imitação de balas na fita. Se eu viajava de olhos fechados acompanhando os longos solos de guitarra do The Doors, ela entrava em transe.

O lugar tem uma vibração muito boa.

Depois que o Belladonna tocou tudo que podia de Doors, passou a tocar o rock&roll antigo e tão importante para mim. Levaram Black Sabbath, AC/DC, Led Zeppelin e essas coisas. Só não atenderam nosso pedido por Ace Of Spades, do Motörhead. Não tocou porra nenhuma do Motörhead, aliás, por mais que pedíssemos em coro.

Depois dessa banda não tocou mais nenhuma. Um cara subiu lá e depois de falar que esse é o primeiro e único bar de rock daquela área, resolveu declamar um poema, ao que eu pensei “puts!”, mas gritei “é isso aí!”. Poesia tem de ser incentivada. Ele não era inspirado, mas foi bom o que ele botou pra fora.

Aproveitei esse tempo para olhar ao redor. Quando o cara terminou, olhei melhor o bar: ele era pintado com cores fortes, havia quadros nas paredes com pôsteres emoldurados ou fotos de seriados e filmes antigos. Os bancos e mesas eram feitos de madeira rústica e o povo já estava tomando assento. Depois de olhar cada um dos quadros, pedi licença para sentar com a Filósofa e conversamos um pouco. Fui apresentado para algumas pessoas e me apresentei para outras.

Comentei que esperava que tudo começasse mais tarde, que estava ali pra conhecê-la e pelo som ao vivo. Playback eu escuto em casa. Daí ela confabulou com seus parceiros, virou pra mim e disse “quer curtir metal agora?”. Claro!

Fomos de carona para um bar que um dia foi o Tulipa Negra, mas que agora tem outro nome. Já fomos recebidos pela banda Sarcásticos tocando Raining Blood, do Slayer. Não sou fã de death metal, mas sei reconhecer um som competente quando escuto. Curti e muito, encontrei brothers conhecidos de outros cantos ali, conversei com eles e paguei até uma cerveja para um chegado, mas logo reparei que o povo que veio comigo não estava tão à vontade. Alegaram cansaço e eu fui bater cabeça no meio dos endemoninhados.

Rolou Slayer e Kreator, além de uma do Judas Priest (Breaking the Law) e outra do Black Sabbath (N.I.B.). A Sarcásticos fez sua versão de cada um desses clássicos, sendo que o do Judas ficou melhor que o original e o do Sabbath não, mas é foda superar o Sabão!

Depois da Sarcásticos, conversamos um pouco e logo saímos fora. Fui deixado na entrada do Santos Dumont e voltei para a casa da Nailza já com os passarinhos já cantando. Estava escuro como o diabo, eram pouco mais de quatro e meia, mas eles cantava mesmo assim.

Comi algo e fui ler um pouco até dormir, bem depois das cinco da manhã.

Acordei perto das oito e meia. Não sei por que isso acontece comigo nesta casa, pois a cama é confortável e eu tenho dificuldades para dormir, não para seguir dormindo. Fiz uma rápida visita ao banheiro e voltei pra cama. Só acordei depois das treze horas.

Fiquei vendo um programa sobre formigas carnívoras que comiam tudo, até caranguejos, devido ao poder de sua organização. Depois comi, li e fui para a casa da Mamma, perto do final da tarde. Comi novamente e enquanto estava usando o computador recebi um convite para assistir Coração de Tinta com o Brother Flávio e sua digníssima. O filme é tudo de bom.

Amanhã, parece, vou ao cinema com o pessoal do trabalho. É isso! Estou todo dolorido, mas valeu a pena!

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