segunda-feira, 15 de dezembro de 2008



Esse final de semana foi ótimo!

Acordei perto da hora do almoço no sábado e arrumei o que precisava ser arrumado em casa, tomei um café da manhã mais ou menos e descansei um pouco. Usei a internet para verificar Orkut e Twitter e perto das quinze horas eu lanchei, me reparando para o Budô Taijutsu.

No caminho pra lá comecei a pensar que não estou fazendo nada da minha vida e ia ficando triste, mas afastei isso da cabeça cantando em alto e bom som o bom e velho rock&roll

Perdi o ônibus por pouco e tive de passar uma hora na parada, mas peguei o ônibus e perto das dezessete horas eu estava lá no ShinShinGan Dojô. O exercício e o tempo passado ao lado dos amigos sempre é bom e me afasta dos problemas. Treinamos muita base com o Go Gyô e Koshijutsu, que são técnicas para quebramento de ossos, deslocamento de juntas e atingir pontos sensíveis no inimigos. Treinamos também desarme de lâminas e armas de fogo. Mais uma vez me machuquei por falta de atenção durante um rolamento, aonde a minha faixa ma esmagou um músculo nas costas que está doendo ainda hoje. Marquei com o Kleitor Sensei um bate-papo para o próximo sábado, quando chegarei mais cedo. Sinto necessidade se ser mais próximo ao sensei, mas o motivo principal é pedir orientação para a vida: além de ser um amigo, o Kleitor é uma pessoa mais sábia.


Saí de lá com as pernas falhando devido às três horas treino quase que ininterruptas, mas consciente de que dessa vez não estava tão mal quanto da última vez. Peguei o ônibus 350 de volta pra casa logo, mas assim que desci e comecei a caminhar de volta pra casa, fui ficando triste novamente. Pensava na mulher que perdi irremediavelmente, na vida sem perspectivas, na ausência de sentido, na falta de vontade, no trabalho chato, nas responsabilidades deixadas de lado, na eterna falta de grana, na solidão.

Cheguei em casa e fui direto para o banheiro. Tomei um bom banho, deixando a imundície e a aporrinhação escorrer pro ralo. Falei com o Irmão Rafael e com a Mamma, comi alguma coisa e tomei muito suco e água.

Estava cansado e deitei um pouco, como um Cristo crucificado, braços abertos e olhos fixos no teto. Tinha duas opções: ficar em casa e tentar relaxar, bater papo com o irmão e ver TV, ou arrumar dez reais e ir ao Porão sozinho e encontrar pessoas por lá. Peguei R$ 20,00 com o Rafael.

Fui à pé pro Porão do Alemão. Está distante uns 30 minutos de caminhada da minha casa. Cheguei, dei uma volta procurando conhecidos, não vi ninguém e fiquei ao lado direito do palco. Tocava lá uma banda chamada Beladona, eram 23h30.

Os músicos da Beladona são competentes, mas a seqüência que eles fazem não faz sentido! Imagine uma banda que uma hora toca Born to be Wild e logo depois Alanis... que anima as pessoas com um clássico do Led Zeppelin para depois tocar um troço pra baixo como o Cazuza. Eu hora estava cantando com eles hora estava pensando “que que eu vim fazer sozinho aqui”. Quase no final da apresentação deles eu me animei muito mais porque eles pararam de tocar merda e passaram ao bom e velho rock&roll. Depois de dizerem que estavam indo embora, tocaram mais umas dez músicas, todas boas, rolou inclusive uma música do Velhas Virgens que eu não conhecia, a Ontem Você Acabou Comigo, e eu vi um brother do The Cheeser’s.

A essa altura, eu havia dito para mim mesmo “quer saber? Sempre fui um solitário, mesmo numa multidão. Vou encarar a noite de frente e aproveitar ao menos o som.” E estava agitando pra caralho.

Foram aparecendo outros caras do Cheeser’s, eu desci lá para cumprimentá-los e fui convidado a ficar por ali mesmo, em frente ao palco com os caras. Passou por mim o Eric Porão, que eu abracei e conversei um pouco.

Uma garota que havia me visto agitando lá ao lado do palco veio falar comigo. Algo como “você gosta é de rock&roll né?”. “Lógico”, eu disse. Queria dizer mais, mas nem eu me ouvia em frente à caixas de som de um metro de altura, colocadas ma altura do nossa cabeça. Diria algo como “o meu Rock sem gelo, por favor!” Ela simplesmente meteu o punho fechado, com o mínino e o indicador levantado, dizendo “Iurrú!”.

Entra a banda Hightower. Os caras são músicos muito bons e o vocalista deles, Marcel, agita o tempo todo, fazendo papagaiadas no palco e fora dele. E os caras têm um gosto parecido com o meu, o que deixou muito empolgado. Mesmo as bandas de rock que eu não gosto, como o Pearl Jam, têm músicas que eu curto, como Do The Evolution, e os caras tocaram essa porra toda. Inclusive músicas que a Beladona já havia tocado. O baterista deles é tão bom que o Thalisson, baterista do The Cheerser’s teve de dizer isso em voz alta para sua banda.

Eu continuei por ali, cantando, gritando, balançando a cabeça e essas coisas. A garota que havia feito o contato veio falar comigo mais algumas vezes. No começo eram só frases soltas, como “você não bebe nada?” ou “você vem sempre por aqui?”, seguidas da mão-de-chifres e do “iurrú!”. Aos poucos, contudo, ela foi se aproximando e pegando mais em mim, limpando o suor do meu rosto com a mão, por exemplo. Logo cantávamos abraçados ou de frente um pro outro as músicas que conhecíamos. Dancei com ela, inclusive, mas deixe para conhecer melhor um outro dia.


A noite teve vários destaques. Rolou uma porrada geral lá do lado do palco aonde eu estava, durante uma música do System – Toxicity – bem na parte que o vocalista gritava “disorder”. Todos foram expulsos sangrando ao coro de “filhadapu-ta! filhadapu-ta!”. Rolou também uma rodinha, coisa que me disseram que não acontece no Porão, sendo que um dos integrantes resolveu sair na porrada com uma cara e foi chutado lá pra fora.

Depois que a Hightower encerrou, percebi que estava com fome. Conferi as horas e eram vinte para as cinco. Me despedi do Fox, David e Thalison, guitarra solo, baixista e baterista do The Cheeser’s respectivamente, além de abraçar e beija a garota sem nome que me ajudou ser feliz naquela noite.

Tenho certeza de que a minha atitude positiva me favoreceu. Insistir em ficar por lá e aproveitar a noite me fez assistir à Hightower e encontrar gente interessante.

Nas palavras de Bruce Dickinson:

So understand
Don't waste your time always searching for those wasted years
Face up... make your stand
And realize you're living in the golden years

Fui à pé pra casa. Neste dia eu usei demais as pernas: caminhei meia hora para ir ao ShinShinGan Dojô, passei horas treinando, caminhei mais meia hora para voltar pra casa, caminhei mais meia hora para ir ao Porão do Alemão, passei cinco horas agitando de pé no Porão e voltei pra casa em mais 25 minutos de caminhada, ouvindo um zumbido que só passou hoje. Mesmo assim, pensei que poderia ter dificuldades para dormir, pois estava eufórico.

Cheguei em casa, tomei dois copos de suco de caju, que é hidratante, mais um copo de água. Deixei a roupa com cheiro de cigarro e cerveja, os quais foram jogados em cima de mim a noite toda perto da porta da cozinha e tomei um banho, me sentindo exorcizado pelo metal!

E daí se eu fiquei mais surdo?

Domingo eu acordei cedo, mas fiquei na cama até dormir de novo. Levantei pensando na menina que me deu moral na madrugada. Dia desses a gente se vê de novo.

Levantei perto da hora do almoço. Tomei um café da manhã com o Irmão Rômulo, que me preparou um ovo com queijo coalho que só ele sabe fazer. Mais tarde recebi amigos, joguei RPG e ajudei a Mamma como pude. Sentia-me generoso e distribuí chocolate para os membros do jogo. À noite, fui ver um filme na casa de um amigo, o Flávio, pra quem levei um presente de Natal e mais um para sua companheira. Além do filme rolou pizza e conversa sobre OVNIs e OSNIs. Meu amigo me deu um cd com uma seleção do Iron Maiden para eu ir me familiarizando com a banda até o dia do show, se realmente houver. Enquanto escrevi isso estive ouvindo o tal cd. Estou gostando!


Cheguei em casa depois das zero horas, mas sem aulas ou os meninos para olhar, porque não passar a noite fora e o dia dormindo?

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