sexta-feira, 30 de maio de 2014





Diabo no Couro – Parte 3

Não conseguiu sair de casa com o Sol a lhe cegar. Geanderson resolveu que sairia depois das dezenove horas e que descansaria da melhor forma possível para fazer a noite render.

Com o passar do tempo, porém, um novo sentimento foi crescendo dentro dele: o desejo de sair e fazer merda! Queria beber, tomar ecstasy e foder sem camisinha. Queria voltar pro apartamento estragado, se conseguisse voltar no dia seguinte. Queria aproveitar que estava saudável e em forma para extrapolar, mesmo que ficasse sequelado. Se sentia sexy. Seus mamilos endureciam. Um calor interno intenso como uma fornalha não o deixava se vestir e andou nu pelo apartamento. O pênis ereto doía conforme as feridas reabriram ao se esticarem, mas ele empurraria o falo pra dentro de alguém ainda hoje.

Não queria só experimentar, queria fazer merda!

Ao mesmo tempo, sua mente trabalhava no sentido de se acalmar. Seria isso um feedback das drogas que certamente lhe administraram? Porque lhe drogaram afinal? Precisava descobrir o que houve e teria de fazer isso da maneira mais sóbria possível. Haveria a vida inteira para festas, mas não podia deixar que lhe usassem da forma que lhe usaram.

A vontade de se masturbar era forte, mas não cederia aos seus impulsos. Se não podia se controlar em casa, como seria frente à coisa pra valer? Ele não era nenhum detetive, mas precisava de alguma pista.

Saiu do hotel às vinte e uma horas. Andava pelas ruas sem saber muito bem par onde iria, até que algo lhe fez caminhar em direção à parte mais perigosa da cidade. Não era exatamente um raciocínio, era a sensação de que foi lá que aconteceu. O medo crescia conforme penetrava o local. Estava numa cidade estranha, era estrangeiro e não sabia como devia se portar para evitar provocar alguém. Podia ser morto se falasse com a pessoa errada, ainda assim, andava cada vez mais rápido para dentro do bairro.

Passou por uma placa e teve a curiosidade de olhar o nome do bairro em que estava. Era Chesterfield Square. Quis tirar uma foto para mostrar depois por onde passara, coisa de turista, mas pensou que poderia ser roubado e deixou o celular onde estava. Na verdade, só tinha noção de que estava no lado sul de Los Angeles. Geanderson podia passar por um americano médio: era branco, jovem e media 1,83m. Porém, em uma cidade em que menos da metade da população é composta por caucasianos e quase um terço são hispânicos, ele seria sempre identificado como um “blanquito”.

Eu um dado momento parou e não sabia mais para onde ir. Estava no meio de uma rua apertada, com muitas pichações nas paredes e ninguém por perto. Há uma quadra de distância havia uma espécie de bar e algum movimento, mas parecia ser o pior lugar pra ir e não queria voltar pro quarto. E se estivessem só esperando que voltasse para fazer tudo de novo? E se dessa vez lhe levassem um rim ou coisa assim? Não, isso era só lenda urbana, eles iriam matá-lo por cruzar olhares com a pessoa errada ou coisa assim...

Subitamente se deu conta de um movimento à sua esquerda e se afastou sobressaltado, como quando passamos perto de um portão e um cão surge ladrando. Havia parado em frente à um beco tão escuro que parecia absorver a luz, como se fosse um buraco negro. Na realidade, as trevas eram tão absolutas que Geanderson ficou embasbacado, observando aquilo por um instante, esquecido do movimento que chamara sua atenção, até que algo se moveu de novo.

Era um braço. Completamente negro.

Os dedos, longos e delicados, terminavam em uma espécie de cone, como a ponta de um lápis. O braço se estendia para fora da escuridão, mas permanecia á frente dela. Era quase tão preto quanto o beco e mal dava pra se notar. Geanderson olhou em volta para ver se mais alguém via aquilo, mas não havia ninguém. O corpo querendo correr, mas as pernas congeladas impedindo a ação, com o estômago dando voltas e o coração pulando no peito. Lentamente pôde divisar algo branco flutuando na escuridão. Eram dentes afiados, que sorriam. Em seguida apareceram os olhos, brancos, redondos e frios. O monstro não fazia mais nada, só apontava a direção do bar, com o braço direito flexionado em frente ao próprio corpo oculto pelas sombras. Ele podia notar agora que o braço tinha qualquer coisa de feminino. O demônio era mulher?

Mais importante que isso: estaria finalmente enlouquecendo?

Sentiu o sangue circulando nas pernas e se afastou dali andando. Logo corria. Ao chegar no “bar”, percebeu que estava mais pra um galpão, desses em que acontecem raves. A fachada era simples, mas de perto o Weird Dark Psytrance não negava o que acontecia lá dentro. Tinha de entrar ali, tinha de ser ali que o drogaram. O problema é que esses nesses lugares dinheiro não paga entrada: só se entra convidado.

Estava olhando para um dos dois seguranças sem saber o que fazer quando sentiu uma presença atrás de si e se virou num sobressalto. Havia uma garota extremamente bonita atrás de si, sorrindo de maneira encantadora por tê-lo assustado...

…e ela tinha presas!

Nenhum comentário: