Há
pouco tempo eu fiquei realmente chateado com o fato que eu passo mais tempo
esperando ônibus do que efetivamente sendo transportado por eles. Até que os
ônibus que eu utilizo não são ruins, pois são razoavelmente limpos, não vivem
lotados, normalmente eu viajo sentado a maior parte do tempo e me levam para
bem próximo de onde eu quero ir, mas há dias em que eles demoram muito, como
nos finais de semana, em que posso esperar até uma hora num ponto de ônibus
antes de subir naquele transporte público que me permitirá visitar meus filhos
mais velhos.
Nos
domingos é mais ou menos assim: saio de casa e chego ao ponto de ônibus em
menos de dez minutos, mas aí espero até uma hora para que um dos ônibus das
duas linhas que me servem passem por lá. Depois disso, como ônibus não vão
direto para lá, tenho de passear por pequenas ruas em diversos bairros antes de
desembarcar, o que levará mais uns quarenta minutos. Daí caminho mais uns
quinze minutos até a casa da mãe deles, onde moram atualmente, e daí mais
quinze minutos com eles até o ponto de ônibus que nos levará a algum lugar,
mais trinta minutos esperando o ônibus chegar, seguido do tempo da viagem, que
pode variar muito e nos resta pouco tempo juntos, antes que escureça e tenhamos
de fazer toda a romaria de volta.
Lembre-se
que depois que eu os deixo ainda levo mais umas duas horas para chegar em casa,
entre caminhar para o ponto de ônibus (15 min.), a espera do ônibus (até 60
min.), a viagem propriamente dita (uns 40 min.) e a caminhada até em casa entre
(de 5 a 15
min.).
Daí
eu pus na minha cabeça que iria comprar um carro e FODA-SE
Meti
na minha cabeça que eu conseguiria esse carro de qualquer jeito. Eu iria deixar
de pagar à todos e empenhar metade da minha alma para comprar um carro todo
velho, com marcas de ferrugem por todos os lados, coisas quebradas por dentro,
mau-cheiro, risco de explosão, mas conseguiria a porra do carro.
Com
ódio no coração eu deixei caronas de lado para curtir o sofrimento nos ônibus,
numa espécie de auto-penitência que me levaria adiante nos meus planos de aquisição do automóvel. Cheguei mesmo
a dizer para a minha esposa
algo como “espero que você me apóie nessa, porque vou comprar o carro de
qualquer jeito, deixando de pagar qualquer outra coisa num mês que eu achar que
posso meter a cara”. Ela, claro, me disse que eu deveria pensar melhor a
respeito.
Daí
eu comecei a pensar melhor a respeito.
Descobri
com uma Gerente do Banco Santander que mesmo com restrições de crédito eu poderia
adquirir um automóvel. Tentei financiar através deles, mas não consegui por
falta de tempo minha e deles.
Eis
que estou na fila do Carrefour no sábado 27.04.13 quando recebo uma mensagem no
celular. Pensando ser a Nilsandra me informando de algo a mais para comprar olhei... e era uma mensagem da
Chevrolet
sobre crédito pré-aprovado com parcelas abaixo de R$ 400,00.
Liguei,
comecei a resolver os detalhes na fila e terminei em casa, com o vendedor me
retornando a ligação num horário preestabelecido por mim. Em resumo, fiz um
consórcio. Poderia ter uma carta de crédito de até R$ 45.000,00, mas como a
parcela iria ficar cara pra mim, fiz a opção que recebi no celular. A primeira
parcela já foi paga com desconto no meu cartão de crédito.
Desenvolvi
um novo mantra
baseado na minha experiência. Varia um pouco a cada vez que recito, mas é mais
ou menos assim:
“Pode
ser que demore a vir, mas pelo menos já comecei a pagar meu carro.
Pode
ser que não tenha grandes coisas, mas pelo menos já comecei a pagar meu carro.
Pode
ser que me deixe mais pobre, mas pelo menos já comecei a pagar meu carro.
Pode
ser que eu morra antes de receber, mas pelo menos já comecei a pagar meu carro.
Pode
ser que eu bata essa porra na primeira curva, mas pelo menos já comecei a pagar
meu carro.
Foda-se!
Pelo menos já comecei a pagar meu carro.”
Post Scriptum: Foda-se = Amém!
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