Eu conheço várias histórias de gente que se lascou muito na
vida e que foi levando como podia e daí, um dia, aconteceu de “dar certo” e
hoje passa bem. O legal é que sempre vai haver gente criticando o desgraçado,
mesmo assim.
Eu tenho esperanças de que isso aconteça comigo um dia.
A idade também ajuda o homem a evoluir, mas uma boa mulher
ao lado ajuda muito. Comigo está funcionando assim. Minha esposa e eu temos
defeitos, mas ambos compensamos e damos forças um pro outro. Sei que não
demorará muitos anos mais para que as coisas melhorem pra gente.
Mesmo assim, há momentos de dúvida. Nessas horas a gente
deve se espelhar em gente que passou por problemas parecidos e que conseguiu
chegar lá simplesmente acreditando em si e continuando.
Quero chamar atenção dos amigos para o Chorão do Charlie
Brown Jr.
Uns vinte anos atrás ele fazia músicas como O Coro Vai Comê! e poucos anos depois já fazia letras completamente diferentes, como a da música
Não Viva Em Vão. Mais algum tempo se passou e ele escreveu e roteirizou “O Magnata”, um bom
filme (se não assistiu por preconceito, largue mão de ser besta e assista).
Os pais do Chorão se separaram aos 11 anos, aos 14 a mãe dele teve um derrame
e quase bateu as botas. Ele foi ficando cada vez mais pobre e passou fome até
depois de O Coro Vai Comê estourar em São Paulo. Ele viveu na rua vendendo
pastel que a mãe fazia. Chegou a viver com R$ 5,00 por dia, saídos de um
vale-refeição de uma namorada durante um tempo. De tanto andar de skate foi
vice-campeão paulista nesse esporte. Aos 17 fundou a famosa banda, mas o
baixista Champignon só tinha 12 anos e por isso precisava de autorização dos
pais para tocar à noite nos bares.
O caso é que a banda fez a vida dele melhorar, ainda que
lentamente.
Quando as coisas começaram a melhorar, lá pelos seus 31
anos, morreu o pai do Chorão. Ele passou seis meses em depressão, 20kg mais
gordo, sem fazer barba todo esse tempo... até que se olhou nho espelho...
...e resolveu que tinha de recomeçar.
Se vocês pensam que recomeçar é mais fácil, principalmente
para quem já tem um nome reconhecido, pense de novo. Depressão é foda e nem
todo mundo aceita ou mesmo percebe o que está acontecendo com você. Às vezes
nem você.
A evolução do personagem pode ser sentida nas letras das músicas
que eu citei anteriormente. Escrevi o começo das duas músicas abaixo. As letras
completas, bem como a música para ouvir, podem ser encontradas nos links que
embedei anteriormente.
O Coro Vai Comê!
“TUKS tukutuku-tu
Tukutukutukutuku
TUKS tukutuku-tu”
Não Viva Em Vão
“Uma vida sem amor é uma vida sem sentido
Estarei feliz aonde for se você estiver comigo
A vida já me derrubou
A vida já me deu abrigo
Mas a vida já me situou
Que a solidão não faz sentido!”
Pois é: gosto das duas músicas, mas ao passo que na
primeira temos só curtição na segunda percebemos o homem falando de amor
verdadeiro, sentido da vida e da luta contra a solidão logo no início do negócio.
Só para terminar a história do homem com um final feliz, hoje ele escreve um segundo filme, tem dinheiro, a banda voltou a contar com o Champignon (que havia saído), tem uma marca de roupas, fez um parque temático de skate com o que há de melhor no mundo e o cara vive exclusivamente daquilo que gosta há 25 anos, que é muito mais do que a maioria dos humanos pode dizer
Eu sei que estou feliz com Nilsandra Maria, minha Bonitona.
Ela preencheu o vazio terrível da minha existência, me deu direção e forças
quando não tinha mais nenhuma. Eu certamente não tinha forças para desempacar
antes dela. Hoje seguimos juntos em direção ao futuro melhor que merecemos.
Te amo, queridona!