segunda-feira, 16 de março de 2009








































Faz tempo eu escrevi aqui que o Iron Maiden não viria por aqui, que aconteceria igual ao que aconteceu Megadeth, que vendeu ingressos e que depois não fez o show. Muitos me diziam que sim, uma vez que já haviam vindo o Nightwish e White Stripes, mas eu dizia que Nightwish – ou Scorpions – não eram como o Iron Maiden, e que o White Stripes veio aqui por causa do Teatro Amazonas, que eles precisavam fazer um clipe.

Quando éramos jovens, quinze anos atrás, todos dizíamos que as grandes bandas jamais viriam aqui, que Manaus não era Brasil. Que bom que o tempo provou que estávamos todos errados.

Eu não conhecia o Iron Maiden e por isso não gostava. Depois de perceber que, aparentemente eles viriam, comprei ingressos de pista pra mim e para o Irmão Rômulo. Fiz isso no final de janeiro, assim que saiu o meu salário. O Ingresso do meu irmão era um presente de Natal atrasado.

Pedi para um amigo, o Brother Flávio, para me arrumar uma coletânea. O cara tem todos os álbuns do Iron Maiden e o conhece há uma década. Passei a cantar e a ouvir todos os dias, por mais ou menos dois meses, para poder cantar durante o show. A idéia era poder ir e me divertir um pouco, mas acabei gostando muito das músicas. Minhas prediletas são Wasted Years, Wasting Love, The Trooper, Flight of Icarus e Powerslave.

No dia do show, uma inquietação crescia em mim, mas pude me distrair trabalhando, mesmo com muitas pessoas falando sobre o show iminente. Fui trabalhar com uma roupa própria pro show, uma camisa preta, guardada bem passada e com o ingresso dentro de um caderno que levei dentro de uma bolsa, com medo de amassar o danado.

Enquanto eu, Talita e Perseu caminhávamos pra lá, percebi uma comitiva carregando os caras da banda para o local do evento. Percebi pelas sirenes: a polícia federal mandou vários batedores na frente, vans brancas carregavam os preciosos membros do Iron Maiden e logo atrás mais gente da segurança vinha em mais carros. Um caminho especial havia sido traçado para eles, que entraram pela lateral do Centro de Convenções.

Na frente do local, muitas pessoas se amontoavam, misturando estilos de metal nos carros e nas indumentárias. Haviam pessoas de todas as idades e cores, tamanhos e formatos, todos unidos num só propósito: ter uma ótima noite, na companhia de amigos, parentes e ídolos!

Resolvemos pegar a fila, mas aí ficamos impressionados com o seu tamanho. Isso foi falta de traquejo com megashows de nossa parte, pois deve ser normal isso. É que nunca estive num show realmente importante de música em toda a minha vida. Não havia ido a nenhum dos grandes shows por não me encaixar no perfil ou por não gostar mesmo do som. O caso é que a fila tinha mais ou menos meio quilômetro, indo da frente do Centro de Convenções até quase o estacionamento da Arena Amadeu Teixeira. Liguei pra Irmão Rômulo avisando para ele vir logo, que a fila estava muito grande e que eu andava há vários minutos e não chegara ao seu termo.

A fila até que andou rápido e logo estávamos dentro. O Irmão Rômulo estava trajando uma camisa que o Brother Sérgio havia lhe presenteado. O Brother Lécio estava lá, assim como a Sister Cora, sua gata, e muitas outras pessoas que tive a felicidade de encontrar por lá.

O show começou com música saindo dos amplificadores, mas seu o pessoal da banda no palco. Todos gritaram freneticamente. Era apenas o telão mostrando eles desembarcando em vários lugares e a recepção dos fãs endoidecidos em todos os lugares do mundo, O mundo é um só, quando o assunto é metal pesado!

Os caras sabem fazer um esquenta. Aquilo deixava a gente aperreado para ver logo o Iron Maiden. Fui-me embora lá pra frete, aonde só os mais fortes e agressivos conseguiam chegar, às vezes, carregando suas consortes, mas aí todos eram mais altos que eu, exceto pelas acompanhantes dos macetas, e foi difícil ver o que o pessoal fazia no palco. Estava muito agitado por lá e eu gosto é do bagulho fervendo, mas não havia espaço pra bagunçar e nem como assistir direito. Me toquei que seria muito melhor ficar junto dos amigos mais atrás e fui pra lá.

Antes disso, porém, devo dizer que eles abriram com explosões e metal! Performances e metal! Gritos e metal! Banda tocando em sincronia o metal . Uma das minhas músicas prediletas tocou enquanto ainda estava lá pela frente, e gritei na cara dos gigantes, que viravam uns para os outros e bradavam a letra com as mão pra cima, devolvendo-me o grito.

É complicado explicar o que acontece comigo quando escuto um som bom e alto demais. No palco, o Bruce Dickinson fazia movimentos de maestro para que a platéia se movimentasse segundo seus desejos. Dizia, sem levantar a voz, como quem fala aos servos, “scream for me, Manaus” e nós, em êxtase, urrávamos o mais alto que podíamos. Mesmo quem não falava inglês entendia as ordens do homem, de alguma maneira mística. Estávamos todos conectados.

No palco, o fundo mudava com as músicas. Como mágica, a banda desviava a atenção do Capitão Bruce, que saía do palco sem que nós víssemos e retornava com uma roupa diferente, como em The Trooper, quando ele apareceu com uma camisa de combatente da cavalaria e uma bandeira da Inglaterra toda detonada da guerra.

Em determinado momento Bruce Dickinson pareceu ficar puto com a falta de energia das pessoas e se sentou em um lugar perto do bateirista Nicko McBrain, fazendo cara de indignado, até que o povo, umas 15.000 pessoas, mostraram respeito com barulho para estremecer todas as casas num raio de quilômetros. Sei disso por causa de comentários no dia seguinte de moradores do bairro Chapada.

O guitarrista Dave Murray fazia seu instrumento de mulher numa louca dança, aonde ele a jogava pra cima, fazia girar em torno do corpo. Os outros dois guitarristas, Adrian Smith e Janick Gers, faziam outras graças, como imitar armas usando as guitarras. Nenhuma arma é tão poderosa quanto uma guitarra nas mãos de um guitarrista competente.

O baterista ficava escondido atrás do seu instrumento e o baixista era até quieto comparado com o vocalista, que não parava quieto. Os caras são velhos, mas cheios de energia! Pouca gente sabe, exceto pelos fans, mas a banda foi formada pelo baixista Steve Harris, que nunca a abandonou e que está lá desde o início, há mais de 30 anos.

Mais uma coisa: aproveitaram pra dizer que voltarão ao Brasil provavelmente em 2011, daqui a dois anos. Vamos ver se gostaram de Manaus...

Junto dos meus amigos a emoção foi outra. Foi fácil encontrar os caras porque procurei pelo Brother Sérgio, o mais alto entre nós. Ouvia o Irmão Rômulo me dizendo “obrigado” assim que cheguei neles. Vi a Sister Cora batendo cabeça como um macho de respeito e mesmo a suspendi e depois sua amiga para poderem ver o Eddie, que apareceu em dado momento, com mais de três metros de altura, caminhando pelo palco. Havia mais espaço para pular e pulei! Cantei abraçado com o Brother Lécio. Sacudi o Brother Perseu que estava muito quieto. Uivei pra Lua cheia na abertura de Powerslave, enquanto no palco dois lança-chamas jorraram fogo... Dali pude ver melhor o show, que tinha coisas como os quatro das cordas tocando um ao lado do outro

Foram embora e tudo escureceu. Gritávamos “Maiden, Maiden, Maiden”... e eles voltaram! Antes de aparecerem, foram precedidos pelas palavras que indicavam o iminente começo de The Number Of The Beast...

"Woe to you, Oh Earth and Sea,for the Devil sends the beast with wrath,because he knows the time is short...Let him who hath understanding reckonthe number of the beast for it is a human number,it's number is Six hundred and sixty six"

…e esta não foi a única música...

No final, o palco ficou iluminado e ouvimos a música que toca no final de A Vida de Brian, que toca no final de todos os shows do Iron Maiden. Os fãs mais antigos e os mais nerds começaram a cantar, ao passo que os mais novinhos ficaram boiando, pois nunca viram Monty Python e que não sabiam que essa música é muito querida pelos ingleses e é cantada em estádios de futebol, por exemplo.

O show foi do caralho! Só tenho a agradecer ao Brother Flávio, que insistiu pra eu conhecer o Iron Maiden e me fez participar de algo histórico (Adrian Smith, acho, jogou uma pulseira pra ele), aos amigos que foram comigo, aos amigos que me encontraram e ficaram comigo, ao Irmão Rômulo, que aceitou o convite e se divertiu às minhas custas. Foi melhor porque foi com vocês!

Up the Irons!

7 comentários:

Anônimo disse...

O show do Iron foi foda.
Perfeito,fez historia cara,e ainda é dificil cair a ficha e lembrar que eu tava la.
beijos

Unknown disse...

eu devia MESMO ter ido aqui em SP =/ [dor de cotovelo mode=ON]

Anônimo disse...

senti falta da minha fotinha aqui.
"/.

Unknown disse...

menino, foi como lavar a alma..
esqueci os problemas, as tristezas, as preoculpações mundanas e me entreguei a uma música de qualidade durante 2 horas..

Toda aquela alegria, o som insurdecer dos asovios e gritos, o calor humano que parecia crescer como um vulcão ao meu redor... fica estranho até de descrever ... :)

Sao noites como essa que me fazem lembrar pq eu gosto tanto de rock e como a música faz parte da minha vida...

Que venha o metallica !!!

Anônimo disse...

é foi bom mesmo o domingão.
Foi bom so por que eu estava lá?
Que lisongeiro,fiquei vermelha.
Voce é uma otima companhia,pra todas as horas.
E quanto as fotos,ja coloquei no orkut.Belê?

Unknown disse...

É esse show foi demais, fiquei muito feliz por ter encontrado vcs lá, obrigada pelos comentários sobre minha pessoa, kkkk, no rock nós mulheres temos q ser "machos"kkk.

beijo!

Unknown disse...

as fotos ficaram ótimas!