segunda-feira, 15 de julho de 2013


Juízo Final – Parte 8 – Conflito Interno Externado

Não só Luiz estava apaixona pela morena à sua frente como ela parecia interessada. Ele conhecia os sinais: a mulher o media com os olhos, sorria muito, se posicionou de frente para ele, molhou os lábios com a língua e arrumava o cabelo – que já estavam presos – com as mãos. Mas Luiz queria isso? Já havia se relacionado com alguém do sexo oposto antes, mas desde que se aceitou como homossexual não procurara mais nada com mulher.

Ele era mais bonito que a média dos homens de Manaus. Mais alto um pouco e de pele bem cuidada. Vestia-se bem e portava-se bem. Tinha um bom nível cultural, gostava de ler e falava três idiomas. Tudo isso saltava aos olhos e suas boas maneiras disfarçavam seu homossexualismo. Em diversas ocasiões mulheres se apaixonaram por Luiz, que se fazia de desentendido ou mandava algo como “não posso namorar com você, que é minha amiga”. Ele, por outro lado, já se apaixonara por uma amiga, mas preferiu não estragar a amizade por causa de algo que ele sabia que acabaria muito em breve: preferia homens altos, brancos e peludos a mulheres de qualquer tipo.

Além disso, num mundo pós-apocalíptico como o que vivia, sem saber de seus parentes, iria ainda por cima arrumar um namoro para ter mais alguém para se preocupar?

Enquanto pensava tudo isso a mulher falava sem parar. Coisas amenas na maioria e alguma coisa sobre como as coisas funcionam por lá. Ele só olhava a boca, de tamanho certo e dentes perfeitos, pensando em como seria beijá-la.

Começou a prestar mais atenção quando a mulher o levou para outro lado. Queria mostrar o estoque de comida, a última coisa que faltava olhar. Dona Maria Antônia estava ocupada fazendo comida e conversando com outras senhoras. Riam muito.

“Que bom que alguém consegue esquecer os problemas” – pensou. Ele não conseguia para de pensar nos problemas, nos prós e contras do que quer que fosse. Sempre fora assim, mas na situação atual os contras eram sempre muito maiores que tudo.

Ao chegarem na área de estivas, onde se encontrava a reserva de comida, a mulher o empurrou contra uma parece e o beijou. O beijo foi retribuído, mas aí a morena começou a desabotoar a roupa dele e Luiz a segurou.

- Que foi? Você não quer?
- Não sei nem seu nome!
- E daí? – Disse e voltou a tentar tirar-lhe a roupa, mas ele a manteve afastada.
- Olha, é muito súbito. Acabei de escapar da morte lá fora e minha cabeça está cheia. Não dá para fazer isso agora não.
- Você não quer! Está acontecendo alguma coisa? Sou eu? – Disse isso e abriu a blusa, respirando ofegante, mexendo nos peitos ainda por cima do sutiã – não sou gostosa?

Luiz olhou pros peitos que pularam fora com um movimento súbito das mãos dela, que o agarrou e beijou novamente. Ela beijava bem e Luiz retribuiu de novo, mas os peitos não lhe interessavam. Achava a mulher atraente, mas peitos não eram excitantes e ela subitamente notou isso, se afastando.

- Você é gay?
- Só porque não quero fazer sexo agora?
- Você é gay! Puta que o pariu!

Ela disse isso e virou o rosto de lado, apertando os olhos com a mão direita ao mesmo tempo em que empurrava o peito dele com a esquerda.

- Por quê, meu Deus, um cara bonito me aparece aqui, eu mostro as tetas e o filho da puta é veado?
- Quem disse que eu sou veado?
- Você não quer me comer e eu sei que sou gostosa! Todo mundo aqui quer me comer e eu resolvi dar pro único que não quer me foder!
- Agora não é um bom momento...
- Um macho de verdade iria aproveitar. Não tem ninguém aqui, sua bicha! Você não quer porque gosta de pica!
- Fale baixo!
- Falo como eu quiser, porra, tou puta da vida!
- Cala a boca!
- Ou o quê, sua bicha? Vai me bater também?

Ele tentou ir embora, mas a mulher o segurava ainda contra a parede. Ela era mais alta que ele e o pesa dela o mantinha ali. Não que ele não pudesse lhe dar um empurrão e ir embora, mas não era um cara violento e não tomava esse tipo de atitude. Pensava que a qualquer momento iria aparecer alguém graças à gritaria e daí todo mundo saberia de sua preferência sexual. A última coisa que queria agora seria a hostilidade de estranhos por ser diferente. O Fim do Mundo não era suficiente para que a humanidade deixasse de ter preconceitos. Ao contrário, o lado ruim das pessoas veio à tona sem o medo de ser presos. O verniz de civilidade descascara rápido e a barbárie tomava conta.

Se comportaria como bárbaro, então.

A agarrou pela rabo de cavalo com uma mão e pela cintura com a outra, colando seu corpo no dela e lhe vencendo com força bruta.

- Vou te calar a boca, puta.
- Me solta, veado.
- PARA DE ME CHAMAR DE VEADO!

Foderam com força. Ele nunca havia feito assim, com violência. A frustração, raiva e medo liberados num único e desesperado ato. Fez coisas que pensou que jamais faria e também que sempre quis fazer. A mulher não lhe negou nada, ainda que gemesse de dor em diversas ocasiões. Fizeram tudo sem dizer palavra, mas certamente houve muito barulho e foi com surpresa que o homem constatou que não apareceu ninguém para ver o que estava acontecendo. Seu pênis estava todo machucado, mas foi muito bom.

- Meu nome é Chaiane.

CONTINUA SEMANA QUE VEM.

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