Gosto muito desse quadro, que eu conheço desde a
infância. Esse é o Triunfo da Morte, de Bruegel, quadro que mostra uma
cena em panorama de um exército de esqueletos destruindo tudo em uma terra desolada
e enegrecida.
Os detalhes é que chamam atenção: há fogo
queimando, barcos naufragando, árvores desfolhadas podem ser vistas, peixes
apodrecendo também, dando a impressão de que o pintou viu mesmo aquela porra
toda. É um troço de fim de mundo, apocalíptico, onde há morte e gente morrendo
até onde a vista alcança.
O trabalho dos esqueletos é mostrado com
detalhes vívidos. Vemos gente fugindo em pânico e tentando lutar em vão. Vemos
um rei jogado ao solo com barris de dinheiro sendo dilapidados pelos mortos, o
que sugere que este rei tentava escapar para outras paragens deixando o povo à
própria sorte. Vemos esqueletos desembarcando para reforçar a porrada. Vemos um
cão-esqueleto comendo o rosto de um bebê que está nas mãos de sua mãe morta. No
canto esquerdo superior há esqueletos tocando um sino para avisar aos outros de
sua vitória. No canto inferior direito um homem toca a última música para uma
mulher, com um esqueleto atrás dos dois acompanhando com um outro instrumento
de cordas. Mais interessante que tudo isso, porém, é a armadilha aberta com o
símbolo da cruz, para onde uma multidão corre fugindo de um esqueleto a
cavalo-esqueleto com uma foice (numa clara representação da morte), enquanto um
esqueleto bate tambores para marcar o ritmo.
Há muito a se ver e gente sendo morta de muitas
maneiras diferentes, enquanto gritam, correm, lutam, rezam e por aí vai. São
pessoas de todas as classes sociais, de todas as idades, morrendo
indiscriminadamente.
Dê mais uma olhada na figura procurando por
caixões, símbolos religiosos, máquinas de tortura e mortos se divertindo às
custas dos vivos, como na mesa de jantar na direita inferior, onde servem
ossos, agarram uma mulher, jogam o vinho, as cartas e o gamão fora.
Ao contrário do que possa sugerir a coisa, não
foi pintado numa época em que morreu um monte de gente de uma vez, como numa
guerra ou na Peste Negra, mas o que ele mostra, com muitas cenas de cotidiano,
é que não importa o que você faça, quem você é, sua devoção à Deus, qual a sua
idade ou mesmo se está só jantando, a morte vai chegar de surpresa e te matar.
Você pode tentar fugir, se pegar com Deus ou enfrentar a morte de frente, mas
vai morrer, antes ou depois, inapelavelmente e inevitavelmente, de forma
simples ou complexa, bem como todos os que você conhece, com tudo o que você
foi em vida e suas posses sendo varrido da Terra.
É uma lição de humildade.
Deixo vocês com um pensamento de Max Heindel.
“Entre
todas as vicissitudes da vida, embora a experiência humana varie muito de
indivíduo para indivíduo, há um acontecimento que é inevitável para todos: a
Morte! Não importa qual seja a nossa posição social; se a vida que vivemos foi
louvável ou não; se nossa passagem entre os homens ficou marcada por grandes
feitos; se vivemos uma vida saudável ou de enfermidades; se fomos famosos e
rodeados de amigos ou obscuros e solitários, chegará um momento em que
estaremos sós, diante do portal da Morte, e seremos forçados a dar um salto no
escuro.”
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