quinta-feira, 4 de abril de 2013



Gosto muito desse quadro, que eu conheço desde a infância. Esse é o Triunfo da Morte, de Bruegel, quadro que mostra uma cena em panorama de um exército de esqueletos destruindo tudo em uma terra desolada e enegrecida.

Os detalhes é que chamam atenção: há fogo queimando, barcos naufragando, árvores desfolhadas podem ser vistas, peixes apodrecendo também, dando a impressão de que o pintou viu mesmo aquela porra toda. É um troço de fim de mundo, apocalíptico, onde há morte e gente morrendo até onde a vista alcança.

O trabalho dos esqueletos é mostrado com detalhes vívidos. Vemos gente fugindo em pânico e tentando lutar em vão. Vemos um rei jogado ao solo com barris de dinheiro sendo dilapidados pelos mortos, o que sugere que este rei tentava escapar para outras paragens deixando o povo à própria sorte. Vemos esqueletos desembarcando para reforçar a porrada. Vemos um cão-esqueleto comendo o rosto de um bebê que está nas mãos de sua mãe morta. No canto esquerdo superior há esqueletos tocando um sino para avisar aos outros de sua vitória. No canto inferior direito um homem toca a última música para uma mulher, com um esqueleto atrás dos dois acompanhando com um outro instrumento de cordas. Mais interessante que tudo isso, porém, é a armadilha aberta com o símbolo da cruz, para onde uma multidão corre fugindo de um esqueleto a cavalo-esqueleto com uma foice (numa clara representação da morte), enquanto um esqueleto bate tambores para marcar o ritmo.

Há muito a se ver e gente sendo morta de muitas maneiras diferentes, enquanto gritam, correm, lutam, rezam e por aí vai. São pessoas de todas as classes sociais, de todas as idades, morrendo indiscriminadamente.

Dê mais uma olhada na figura procurando por caixões, símbolos religiosos, máquinas de tortura e mortos se divertindo às custas dos vivos, como na mesa de jantar na direita inferior, onde servem ossos, agarram uma mulher, jogam o vinho, as cartas e o gamão fora.

Ao contrário do que possa sugerir a coisa, não foi pintado numa época em que morreu um monte de gente de uma vez, como numa guerra ou na Peste Negra, mas o que ele mostra, com muitas cenas de cotidiano, é que não importa o que você faça, quem você é, sua devoção à Deus, qual a sua idade ou mesmo se está só jantando, a morte vai chegar de surpresa e te matar. Você pode tentar fugir, se pegar com Deus ou enfrentar a morte de frente, mas vai morrer, antes ou depois, inapelavelmente e inevitavelmente, de forma simples ou complexa, bem como todos os que você conhece, com tudo o que você foi em vida e suas posses sendo varrido da Terra.

É uma lição de humildade.

Deixo vocês com um pensamento de Max Heindel.

“Entre todas as vicissitudes da vida, embora a experiência humana varie muito de indivíduo para indivíduo, há um acontecimento que é inevitável para todos: a Morte! Não importa qual seja a nossa posição social; se a vida que vivemos foi louvável ou não; se nossa passagem entre os homens ficou marcada por grandes feitos; se vivemos uma vida saudável ou de enfermidades; se fomos famosos e rodeados de amigos ou obscuros e solitários, chegará um momento em que estaremos sós, diante do portal da Morte, e seremos forçados a dar um salto no escuro.”

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