terça-feira, 12 de junho de 2012




Dia 16 – Inspiração



Não tenho inspiração. Sou difícil de ser inspirado. Troços como À Procura da Felicidade não me inspiram a lutar mais para ter meu lugar ao Sol, mas me lembram que eu não sou forte como aquele homem.



Na verdade, me deixa deprimido.



Me dizer coisas como "se ele pode, você também pode" me lembram uma história.



Um dia dois burros iam conversando enquanto levavam cargas às suas costas. O primeiro burro levava uma carga de sal de cozinha e o segundo uma de esponjas. O primeiro burro acreditava em seu potencial, mas conhecia seus limites. O segundo burro acreditava na velha máxima "se ele pode, eu também posso".



Em um dado momento da caminhada os burros encontraram um pequeno rio no seu caminho, sem ponte, e deveriam chegar do outro lado de qualquer jeito. "O negócio é passar na marra", disse o primeiro burro, e se meteu no rio com a água até o pescoço, mas estava indo bem. O segundo burro pensou "temos o mesmo tamanho e a carga pesa a mesma coisa: se ele pode, eu posso"!



Se fodeu: enquanto a carga de sal ficava cada vez mais leve no lombo do primeiro burro, com o sal a dissolver no rio, no do segundo as esponjas inchavam e multiplicavam várias vezes o peso. Ele ainda tentou chamar o primeiro burro enquanto era arrastado pela correnteza, mas o primeiro burro conhecia seus limites.



Ninguém é igual a ninguém. O Bruce Lee não era como o Malcolm X, que não era como o Napoleão Bonaparte, que não era como o Pelé. Cada um tem o que o faz especial, para o bem ou para o mal, mas não há duas pessoas iguais, nem no caso de gêmeos.


Por perceber isso bem demais é difícil me inspirar. Não sei no que sou especialmente bom. Não acredito em me espelhar no exemplo de ninguém.

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