quinta-feira, 27 de março de 2014



 

Este é o update.

Chegamos ao ano de 2014. No ano anterior, depois de uma grande peregrinação, descobri que estava impossibilitado de ser esterilizado através de uma deferentectomia até segunda ordem. Por falta da possibilidade de desfazer a esterilização, o SUS não estava fazendo esse procedimento.

Não entendeu? Eu explico!

O SUS só pode esterilizar um homem se puder reverter a coisa no caso do homem mudar de ideia. Só que na Policlínica Gilberto Mestrinho isso era feito numa clínica, por convênio, e não no prédio da Policlínica. Esse convênio havia expirado em outubro de 2013 (acho) e só voltariam à esterilizar na Gilberto Mestrinho quando e se renovassem o convênio.

Existe a possibilidade de renovação desse convênio? Sim.

Para quando podemos esperar a renovação desse convênio?

Essa é a pergunta de um milhão, amigos leitores! À principio a resposta à essa pergunta era “talvez em janeiro”. Já havia esperado até aqui, porque não esperar um pouco mais? Quando janeiro chegou, porém, não veio junto com a vasectomia. Descobri que em outro lugar, a Maternidade Moura Tapajós, estavam realizando o procedimento que eu buscava. Achei estranho porque o SUS – que significa Sistema ÚNICO de Saúde – não estavam fazendo e, se era de graça, só poderia ser pelo SUS. Me informei com o pessoal da área da saúde que eu conheço e descobri que, aparentemente, não era um médico que estava cortando o saco das pessoas por lá, mas um simples técnico.

Me assustei e não fui por lá.

Eu sei que é uma operação simples e que, dizem os especialistas, não precisa ser especialista pra realizar a coisa. Nem muito mais do que um ambulatório é necessário. Mas é do meu saco que estamos falando aqui: se é pra me capar, eu quero um especialista! Além disso, a Moura fica na Compensa, o bairro mais violento de Manaus, e eu criava imagens mentais de um galeroso me cortando com um terçado.

Fevereiro inteiro passou sem boas notícias. Comecei a considerar seriamente ir abrir as pernas pro hipotético galeroso da Compensa cortar minhas coisas fora.

Enquanto isso, da Policlínica, chegam notícias de que na primeira semana de março retomariam o serviço da vasectomia e me chamariam primeiro, SE NÃO FOSSE O CARNAVAL. Eu já não gostava dessa porra, pão e circo do caralho, agora eu odeio. Pedi ao meu contato na Policlínica Gilberto Mestrinho para pegar meus documentos e avaliações médicas, psicológicas, de enfermeiro, exames de sangue e a papelada que dizia que eu já havia feito tudo. Iria verificar a verdade por trás da prática na Maternidade Moura Tapajós.

Na semana seguinte ao carnaval nada de vasec (vasectomia, para os íntimos), mas eu já estava esperando por isso. Também já havia copiado tudo o que o meu amigo da Policlínica me passara e havia devolvido pra ele. Se por acaso reiniciassem os serviços da deferentectomia na Policlínica eu ainda teria os documentos por lá.

Na segunda-feira 10/03 eu visitei a Moura Tapajós. O atendimento foi rápido, até porque a pessoa que eu precisava que estivesse por lá – surpresa – não estava. “Liga pra gente quinta ou sexta-feira para ver se ela voltou ao trabalho. O mais certo é a sexta-feira”...

...assistentes sociais...

Nem me espantei com isso. Mas descobri coisas boas na ocasião. Foi de lá que a Policlínica pegou o modelo de cuidados pré e pós operatórios, o que quer dizer que teria um tratamento similar ao que eu esperava e que o meu saco merecia. Descobri, também, que provavelmente poderia pular as etapas já feitas em outros lugares e acelerar o processo, exceto pelos exames médicos, que têm três meses de validade. Anotaram o ramal do Planejamento Familiar e depois eu peguei o número de telefone da maternidade.

Na quinta-feira 13/03 eu liguei pela manhã pra Moura, mas tive grande dificuldade em me fazer entender. Quando a pessoa Y do outro lado da linha finalmente entendeu que me disseram para vir na sexta-feira falar com a pessoa X, que verificaria meus documentos, me disse que a pessoa X realmente estaria por lá no dia seguinte, à tarde, entra as 15:00 e 17:00.

No dia seguinte, sexta-feira, eu liguei para Moura Tapajós para falar com a pessoa X. Fiz isso às 15:00, hora em que esta iniciava seu atendimento. Ela mesma me atendeu e depois de eu lhe explicar que eu era (porque esta já deveria ter sido avisada ao meu respeito), ela me disse que a minha esposa deveria vir comigo, mesmo eu já tendo passado pela etapa das entrevistas ano passado.

Por esta eu não esperava. Não podia arrumar isso com a Nilsandra Bonitona pra já. Perguntei à ela quando e como poderíamos voltar por lá, explicando que não poderia ir com a minha esposa hoje, que ninguém havia me dito que ela seria necessária, que a outra assistente social me disse que era só entregar documentos e conversar... enfim, ela me disse que passasse lá segunda ou terça-feira, dia em que começavam os atendimentos do pessoal que iniciaria o processo.

Isso quer dizer que eu seria tratado como iniciante do processo, ainda que um iniciante iniciado. Era tudo o que eu estava tentando evitar.

Sem ter o que fazer, agradeci e desliguei. Você deve estar estranhando eu agradecer por uma ajuda que não veio, mas é que eu aprendi há tempos que você passa muito melhor, em diversas ocasiões, pedindo desculpas por algo que não fez, falando mansamente quando se está puto ou agradecendo desserviços. Isso é especialmente verdade quando se está lidando com a mulher da gente, com um chefe ou com o pessoal que trabalha na área da saúde.

Depois eu descobri que a Nill não poderia ir na segunda-feira. Na terça-feira liguei pela manhã para me certificar de que conseguiríamos atendimento à tarde. Todo cuidado é pouco. Na sexta estava “tudo certo”, eu liguei antes e descobri que não poderia ir só com os documentos. E não é que ela não estava por lá e nem apareceria à tarde? “Amanhã ela está pela manhã e à tarde até as 17:00”, disse o que atendeu, mas achei na hora que ela iria me mandar voltar lá só na segunda-feira. De qualquer modo, teria de ligar no dia seguinte para me certificar disso.

Minha Bonitona começou a ter problemas sérios na articulação do ombro mais uma vez. Um mal comum que aflige professores. Não poderíamos ir nesta semana, pois ao longo dos dias minha esposa estaria tomando diversos medicamentos no intuito de mitigar a dor excruciante. Ela foi bater na emergência! Na semana seguinte, começou fisioterapia e os filhos mais novos, Mariana e Max, contraíram bronquite asmática. Mas de R$ 200,00 em remédios para a Nill e as crianças, além de aparatos para nebulização, foram gastos, sem contar com o que já vínhamos comprando para resolver outros sintomas dos três.

Nesse ínterim me indicaram uma pessoa que poderia conseguir um encaminhamento médico para a cirurgia ser finalmente realizada – surpresa – na Policlínica Gilberto Mestrinho. Isso foi na segunda-feira 24/03/14 e ela, a pessoa, deveria me ligar até o dia seguinte pela manhã. Até hoje, dia 27/03/14, não obtive respostas e devo fazer uma visita à essa pessoa amanhã.

Será que conseguiremos a operação pela Gilberto com a indicação de “uma pessoa”?  Será que teremos de fazer tudo de novo pela Moura? Qual será o destino do meu saco?

Não perca o próximo capítulo dessa saga épica!

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