segunda-feira, 8 de junho de 2009



Depois de ter vencido muitos concursos de arco e flecha, o campeão da cidade foi procurar o mestre zen.


“Sou o melhor de todos”, disse. “Não aprendi religião, não procurei ajuda dos monges, e consegui chegar a ser considerado o melhor arqueiro de toda região. Soube que, durante uma época, o senhor foi o melhor arqueiro da região, e pergunto: havia necessidade de virar um monge para aprender a atirar?”


“Não”, respondeu o mestre zen.


Mas o campeão não se deu por satisfeito: retirou uma flecha, colocou em seu arco, disparou, e atingiu uma cereja que se encontrava muito distante. Sorriu, como quem diz: “o senhor podia ter poupado o seu tempo, dedicando-se apenas à técnica”.


E disse: “Duvido que o senhor repita isso”.


Sem demonstrar a menor preocupação, o mestre entrou, pegou seu arco, e começou a caminhar em direção a uma montanha próxima. No caminho, existia um abismo que só podia ser cruzado por uma velha ponte de corda apodrecida, quase despencando: com toda a calma, o mestre zen foi até o meio da ponte, tirou seu arco, colocou a flecha, apontou uma árvore do outro lado do despenhadeiro, e acertou o alvo.


“Agora é você”, disse gentilmente para o rapaz, enquanto voltava para terreno seguro.


Aterrorizado, olhando o abismo aos seus pés, o jovem foi até o lugar indicado, atirou, mas sua flecha aterrissou muito distante do alvo.


“Para isso valeu a disciplina e a prática da meditação”, concluiu o mestre, quando o rapaz voltou para o seu lado. “Você pode ter muita habilidade com o instrumento que escolheu para ganhar a vida, mas tudo isso é inútil, se não consegue dominar a mente que utiliza este instrumento”.

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