Hoje é aniversário de 67 anos do meu
pai!
Papai com Irmão Rômulo
Eu sou o filho mais velho e, por isso mesmo, meu pai cometeu
comigo todos os erros e acertos na base da experiência, da tentativa e erro. Me
tornou o homem que sou hoje, com os defeitos e qualidades que sou, juntamente
com a minha mãe.
Talvez a maior contribuição que meu pai me deu foi o
inconformismo. O inconformismo que me leva a questionar tudo, a não absorver nada
como uma esponja, a digerir pacientemente, a não dar respostas em cima de
situações novas, mas a ir pra casa e ruminar sobre o que for. Esse
inconformismo me levou a ser um pensador livre independente, a ser um formador
de opinião e a ter a humildade de não se conformar nem com a própria opinião.
Talvez a pior coisa que eu “ganhei” do meu pai foi a inércia.
Ao mesmo tempo que eu e meu pai temos o hábito de não aceitar as coisas como
aparentemente são, temos a tendência de não fazer muito ou o suficiente para
que a situação mude. Gosto de pensar que crio meus filhos e oriento os amigos
para são serem assim, mas ensinamos mais pelo exemplo do que pelas palavras e
que exemplo estou dando?
Mas meu pai – assim como minha mãe, esposa e muitos amigos – espera
muito mais de mim e sempre que pode me exorta a fazer mais do que ele fez. Com
o passar do tempo, me tornei pai e me vi passando por muitas situações que só
ouvia ele me dizer como eram difíceis.
Agora entendo, pai.
Meu pai foi o homem que, mais do que ensinar a ler, mostrou o
que é ler. Mais do que se aceitar como ser humano falho, mostrou que as falhas
não são aceitáveis pelo resto do mundo e que você tem de fazer mais, sob pena
de ter menos do que merece. Mostrou que ser pai é nunca deixar de torcer pelos
filhos, não importando seus defeitos e qualidades. Me mostrou que é importante
mostrar uma atitude positiva mesmo quando não acredita em atitude positiva, só
para inspirar os filhos a lutarem contra as chances. Ainda que no fundo não
acredite em sucesso absoluto ou em recompensas pós-vida, meu pai me manda a
buscar o sucesso e a fazer o bem, mesmo sem a tal recompensa.
A recompensa é ser um cara legal, só
isso.
Meu pai não é o tipo de senhor que faz atividades em grupo
com outros “velhinhos”, ele é de estar perto da família e de fazer as coisas
que sempre gostou de fazer. Continua cantando, ouvindo música, dirigindo e
comendo bem, ainda que não tenha mais o poder para cantar de antes, que não
ouça músicas modernas, que nem mesmo devesse dirigir tanto ou comer qualquer
coisa.
Eu chamo isso de envelhecer com graça.
Eu tenho MEDO de envelhecer, de ver o poder escapar de meus
músculos e os dentes caírem. Detesto estar ficando careca e vez em quando me
pego encarando as costas das minhas mãos, cada vez mais parecidas com velhos
pergaminhos. Meu pai não é assim. Aceita a idade que tem, faz exercícios quando
pode, nunca fez nada contra a calvície, quando os dentes incomodam manda
arrancar e colocar outros e por aí vai. E, pra mim, suas mão de gorila sempre
foram fascinantes. Meu pai tem ainda diversos dons que eu não tenho e fez
coisas que, acho, jamais farei. Meu pai não sou eu e não me tornarei ele. Ele é
maior que eu e eu tenho de conquistar minha própria lenda.
Ele é, por isso, meu herói!
Ele manja de latim. É um dos melhores desenhistas que conheço
pessoalmente. Manja de esculturas em madeira e faz móveis do zero, se precisar.
Fala inglês fluentemente e manja um pouco de italiano, espanhol, francês e grego.
Tem um vocabulário vastíssimo e fica realmente chateado quando vem nova reforma
da língua portuguesa pela frente. E já viu muitas. Já foi fisiculturista,
praticante de artes marciais, vocalista de banda de rock...
Feliz aniversário, papai! Filhão te
ama!
Um comentário:
CARALHO! O papai é FODA!
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