quinta-feira, 18 de setembro de 2014


Hoje é aniversário de 67 anos do meu pai!


Papai com Irmão Rômulo

Eu sou o filho mais velho e, por isso mesmo, meu pai cometeu comigo todos os erros e acertos na base da experiência, da tentativa e erro. Me tornou o homem que sou hoje, com os defeitos e qualidades que sou, juntamente com a minha mãe.

Talvez a maior contribuição que meu pai me deu foi o inconformismo. O inconformismo que me leva a questionar tudo, a não absorver nada como uma esponja, a digerir pacientemente, a não dar respostas em cima de situações novas, mas a ir pra casa e ruminar sobre o que for. Esse inconformismo me levou a ser um pensador livre independente, a ser um formador de opinião e a ter a humildade de não se conformar nem com a própria opinião.

Talvez a pior coisa que eu “ganhei” do meu pai foi a inércia. Ao mesmo tempo que eu e meu pai temos o hábito de não aceitar as coisas como aparentemente são, temos a tendência de não fazer muito ou o suficiente para que a situação mude. Gosto de pensar que crio meus filhos e oriento os amigos para são serem assim, mas ensinamos mais pelo exemplo do que pelas palavras e que exemplo estou dando?

Mas meu pai – assim como minha mãe, esposa e muitos amigos – espera muito mais de mim e sempre que pode me exorta a fazer mais do que ele fez. Com o passar do tempo, me tornei pai e me vi passando por muitas situações que só ouvia ele me dizer como eram difíceis.

Agora entendo, pai.

Meu pai foi o homem que, mais do que ensinar a ler, mostrou o que é ler. Mais do que se aceitar como ser humano falho, mostrou que as falhas não são aceitáveis pelo resto do mundo e que você tem de fazer mais, sob pena de ter menos do que merece. Mostrou que ser pai é nunca deixar de torcer pelos filhos, não importando seus defeitos e qualidades. Me mostrou que é importante mostrar uma atitude positiva mesmo quando não acredita em atitude positiva, só para inspirar os filhos a lutarem contra as chances. Ainda que no fundo não acredite em sucesso absoluto ou em recompensas pós-vida, meu pai me manda a buscar o sucesso e a fazer o bem, mesmo sem a tal recompensa.

A recompensa é ser um cara legal, só isso.

Meu pai não é o tipo de senhor que faz atividades em grupo com outros “velhinhos”, ele é de estar perto da família e de fazer as coisas que sempre gostou de fazer. Continua cantando, ouvindo música, dirigindo e comendo bem, ainda que não tenha mais o poder para cantar de antes, que não ouça músicas modernas, que nem mesmo devesse dirigir tanto ou comer qualquer coisa.

Eu chamo isso de envelhecer com graça.

Eu tenho MEDO de envelhecer, de ver o poder escapar de meus músculos e os dentes caírem. Detesto estar ficando careca e vez em quando me pego encarando as costas das minhas mãos, cada vez mais parecidas com velhos pergaminhos. Meu pai não é assim. Aceita a idade que tem, faz exercícios quando pode, nunca fez nada contra a calvície, quando os dentes incomodam manda arrancar e colocar outros e por aí vai. E, pra mim, suas mão de gorila sempre foram fascinantes. Meu pai tem ainda diversos dons que eu não tenho e fez coisas que, acho, jamais farei. Meu pai não sou eu e não me tornarei ele. Ele é maior que eu e eu tenho de conquistar minha própria lenda.

Ele é, por isso, meu herói!

Ele manja de latim. É um dos melhores desenhistas que conheço pessoalmente. Manja de esculturas em madeira e faz móveis do zero, se precisar. Fala inglês fluentemente e manja um pouco de italiano, espanhol, francês e grego. Tem um vocabulário vastíssimo e fica realmente chateado quando vem nova reforma da língua portuguesa pela frente. E já viu muitas. Já foi fisiculturista, praticante de artes marciais, vocalista de banda de rock...

Feliz aniversário, papai! Filhão te ama!

Um comentário:

R Porto disse...

CARALHO! O papai é FODA!