Ontem, 17 de fevereiro de 2014, por volta das 09:30 da manhã,
faleceu meu tio Gualter Braga Aguiar Filho. Desde o início do ano lutava contra
um mal obscuro que o fez definhar até a morte.
Hoje foi o enterro. Escrevo isso ainda com a areia do
cemitério nos sapatos.
Nas últimas semanas esteve internado no Hospital 28 de
Agosto, onde os médicos procuravam em vão a origem dos sintomas terríveis de
algo que terminou por matá-lo. Não podiam fazer diversos exames apurados porque
estava tão fraco que exames invasivos poderiam lhe tirar a vida prematuramente.
Tratavam, então, dos sintomas.
Não vou encher o saco de vocês falando dos sintomas. Saibam que
eram muitos e que ele tinha hipertensão, diabetes, cardiopatia e outras
complicações muito antes dessa última moléstia se instalar.
O fato é que ele estava muito mal. Eu fiquei realmente
chateado que, com uma família tão grande como a minha, apenas uns poucos irmãos
e sobrinhos o ajudaram em seus momentos finais. De fato, algumas pessoas que
sequer são parentes ajudaram muito, muito mais.
Vi meu tio de uma maneira realmente impressionante, feia
mesmo. Ele é o parente que eu citei
aqui quando disse que “um parente ficou muito doente”.
No velório vi Tio Gualter pela última vez, o corpo castigado
pela doença, mas não vou lembrar-me dele assim.
Lembro do tio meio doido que tinha um riso muito engraçado e
que estava sempre com a barba desgrenhada.
Lembro do tio que ainda morava com a mãe dele aos 50 anos de
idade e que continuou morando por lá depois que ela se foi.
Lembro do tio que, quando eu ainda não sabia andar de ônibus,
me esperava no Centro pelo tempo que fosse para que nada de mal me acontecesse
ao descer de um deles.
Lembro do tio que não tinha nenhum problema comigo e com quem
nunca tive problemas.
Lembro do tio que falava alto demais por causa da surdez e
que fazia questão de ter fotos dos meus filhos e filhas.
O tio que me encontrava só para dizer coisas como “Manda um
abraço pra Nilsandra. Olha, gosto muito dela!”
É desse tio que eu vou me lembrar.
Té mais, Tio Gualter.
Um comentário:
Mano, me emocionei com esse texto.
Até mais tio.
"Té" - ele responderia.
Rômulo
Postar um comentário