Juízo
Final – Parte 12 – Anavilhanas
- Como
é lá na ilha em que ficaremos?
-
Não sei ainda. Estive implementado os planos para a armadilha na Ponta Negra.
Certamente vai estar tudo OK que esses caras sabem o que estão fazendo. São os
melhores do mundo nisso de selva!
-
Olha que tu estás empolgado, hein?
-
É só a verdade, mano.
Foram
dormir cedo. No dia seguinte havia dois helicópteros prontos para deixar o
local e se dirigir para Anavilhanas. Não é o maior arquipélago fluvial do
mundo, mas com suas 400 ilhas seria muito difícil que zumbis, que não flutuam e
não podem nadar, chegassem a uma única ilha habitada. Além disso, havia a
praticidade da localização: parte de Anavilhanas ficava em Manaus mesmo.
Os
helicópteros partiram com um ruído terrível. Luiz queria fazer diversas
perguntas, mas nunca gostou de ficar gritando para ser entendido e seu irmão já
não ouvia muito bem há anos.
O
Rio Negro era lindo visto de cima. Os reflexos do Sol, a cor do rio e a imensa
quantidade de água vistos do alto são algo que todos deveriam ver em algum
momento da vida. Espetáculos assim lhe lembravam que a natureza continuaria
depois de nossa extinção, talvez até melhor do que estava com nossa presença
poluidora. Como se adivinhasse seus pensamentos, Felipe lhe disse algo como
“lindo, né?” por cima do ruído do rotor.
Não
demorou para chegarem a Anavilhanas, que foi vista de longe. Luiz achou o
arquipélago muito bonito, como se fossem pinceladas verdes em meio ao fundo
negro do rio. Não conseguia avistar acampamento e Felipe lhe adivinhou o que ia
pela cabeça mais uma vez, mostrando que conhecia bem o irmão. “A copa das
árvores não deixa ver o acampamento” disse, “é secreto e é bom que seja assim,
naturalmente camuflado”.
Desceram
numa clareira que só podia ser vista muito de perto, quase que apenas por cima.
Só um piloto que conhecesse bem o local poderia saber exatamente, em meio a
centenas de ilhas, qual a única apta ao pouso de helicópteros. Primeiro cordas
foram lançadas e desceram alguns soldados, que uma vez em terra assumiram
posições defensivas. Em seguida o primeiro helicóptero pousou – aquele que
carregava Luiz e o irmão – depois, sem nem mesmo desligar o motor, levantou vôo
e deu lugar para o helicóptero seguinte pousar e liberar sua carga.
“Porque
o círculo defensivo se aqui é seguro?” perguntou Luiz. Felipe respondeu que não
se deve supor que algo é 100% seguro em situação alguma, que cuidado e canja de
galinha não faz mal a ninguém, muito pelo contrário.
Os
soldados estavam estranhamente nervosos. Onde estava o comitê de recepção?
Começaram
a se mover. Esta era uma das maiores ilhas. Felipe explicou ao irmão que esta
ilha era infestada de serpentes venenosas e que estas não fugiam do homem, se
preparando para o bote. Era muito importante seguir com cuidado e olhando para
onde pisa. Súbito, os homens pararam e se ocultaram na vegetação. Luiz parecia
ser o único que não sabia o que estava fazendo, mas seu irmão o puxava para uma
touceira alta. Não percebeu nada de início, mas aí viu um homem terrivelmente
transtornado andando por ali, sem rumo, perdido na floresta. Os olhos mostravam
enorme ansiedade e incerteza.
Um
dos oficiais saiu de sua cobertura. Foi como se surgisse do nada e deu um
grande susto no homem perdido, que gritou sobressaltado. No momento seguinte,
porém, já percebera que estava entre amigos e relaxou tanto que parecia que
iria desmaiar. Contou atabalhoadamente que zumbis apareceram durante a noite e
mataram quase todos. Os que sobreviveram foram para a mata e ele mesmo estava
andando na direção do som das pás dos helicópteros.
Como
os zumbis poderiam ter encontrado aquele lugar? Se nem o arquipélago era
seguro, para onde ir? Luiz ficou terrivelmente abalado, mas os soldados não
pareciam se aperceber disso, seguindo em direção ao local aonde deveria estar o
acampamento de refugiados.
O
local estava cheio de cadáveres ambulantes.
CONCLUI
SEMANA QUE VEM!
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