sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


Estas são as duas últimas partes de SOMEWHERE OVER THE RAINBOW, aventura pronta de All Flesh Must Be Eaten facilmente adaptável para outros sistemas. Se precisar de um resumo das regras de AFMBE, baixe aqui.


Parte 3 – As Coisas Pioram

Alguns dos infectados são mais resistentes que outros e procuram médicos no único hospital da cidade, o Todos os Santos. Lá relatam que o que quer que esteja fazendo mal à eles dá muita raiva, fazendo com que os doentes tenham de prestar atenção às suas ações. Qualquer coisa e já querem quebrar objetos e esmurrar pessoas. Pensamentos assassinos lhes cortam a mente e passam a ver ferramentas com outros olhos... outros são ainda mais fracos que os sonâmbulos e morrem devido à febre alta (pois é: infecções matam se não tratadas). O problema é que não se sabe a origem do problema, apenas que está relacionada à água. Não se sabe se é vírus, bactéria, fungo, químico ou isótopo radioativo.

A essa altura todos os personagens já foram reunidos. O Xerife cortou o abastecimento de água da cidade, mas muitos foram infectados, levando a uma onda de violência sem precedentes. Os oficiais da lei não estavam preparados para isso e não souberam como lidar, de modo que John simplesmente foi pra casa com o casal de namorados que os encontrou no meio do caminho para ver como sua mulher estava, levando seu ajudante consigo. Descreva todo o tipo de atrocidade que puder imaginar, geralmente envolvendo ferramentas de trabalho, tais como pais passando de trator sobre suas famílias, bebês mutilados com cortadores de grama, garotos perseguindo suas mães com forcados e é claro, fale de facas, facões, foices, martelos e armas de fogo em geral. As pessoas que fazem o mal o fazem ainda como sonâmbulos, sem expressões de ódio no rosto, quase como se matassem formigas e não entes queridos.

A propósito: os assassinos vão atrás primariamente de seus entes queridos. Se é porque estão por perto ou outra razão sinistra fica no universo da especulação.

Outra coisa: as atrocidades são relacionadas a assassinatos, não a roubos seguidos de morte (latrocínio), estupro, et cetera. Canibalismo, por exemplo, não rola porque os zumbis aqui usam armas e ferramentas para matar. Por isso, a doença não passa de infectado para não-infectado.

O pequeno grupo de sobreviventes percebe até o início da noite que não se pode continuar na cidade e só lhes resta fugir, mas aí já é tarde demais, pois o exército está na cidade queimando todas as construções com grandes lança-chamas, matando infectados e não infectados que saem delas e bloqueando sistematicamente todas as rodovias de saída da cidade. Os corpos são deixados aonde estão e aparentemente não há combustível o suficiente para queimar os corpos, sendo que os lança-chamas são usados basicamente para desentocar e destruir a cidade, que tem muitos prédios e casas com muita madeira. Todos os militares sem exceção usam máscaras de gás e roupas que os cobrem completamente.

As estatísticas dos militares estão a seguir: Força 3, Constituição 3, Destreza 2, Inteligência 2, Percepção 2, Força de Vontade 2, pontos de vida 34, velocidade 10, pontos de fadiga 29, essência 14. Assuma que militares têm contato com a polícia e com os militares, além de ter várias habilidades, tais como Briga 2, Escalada 2, Demolições 2, Esquiva 2, Direção (carro) 2, Primeiros socorros 1, Rifle de Assalto 2, Pistola 2, Faca 2, Furtividade 2, Sobrevivência na Floresta 2, Natação 2. Além disso, possui equipamentos tais como mochila, camuflagem, compasso, rações, lanterna, Rifle de Assalto 5.56 com lançador de granadas, colete à prova de balas classe IV no torso e capacete casse III

Aqui algumas coisas podem acontecer. Vou listar as mais prováveis.

1º O pessoal percebe que não dá para confiar no exército nem se mostrarem distintivos e tentam se esconder de casa em casa, fugindo sempre, até encontrarem carros bons para o uso e tentarem se mandar por alguma direção sem estradas mesmo. O exército pôs travas de roda em todos os carros que encontraram. Se continuarem procurando, sem desistir jamais, premie-os com uma pick-up grande, cheia de corpos de doentes recém-abatidos. A pick-up pertence a um grupo de malucos que tomou a justiça nas próprias mãos e está passando o rodo na cidade. Provavelmente, não irão gostar de ver sua caminhonete roubada e perseguirão os responsáveis. Ainda assim a fuga pode dar certo, mas terão de enfrentar três caras armados de espingardas, revólveres e facas. Eles conseguem outro carro, perseguem e alcançam nossos heróis, que estão num carro mais pesado e cheio de corpos. Se pararem para tirar os corpos do carro, perderão um tempo precioso e serão encontrados roubando antes de poderem partir na caminhonete. Se tentarem fugir pelo Rio Flooder, descobrirão que não há barcos, que suas luzes chamariam a atenção do exército e dos infectados e que nadar no escuro não é aconselhável por causa dos crocodilos.

Para simplificar, use as estatísticas do ajudante e do Xerife para propósitos de luta e poder de fogo. Lembre-se que os agentes da lei não querem lutar, mas fugir. Lembre-se também que estão cuidando de gente vulnerável.

2º Eles resolvem se enganar e ficam na casa do Xerife Mac Arthur, pensando num modo de falar aos militares quando estes chegarem. Nesse caso, fim de jogo, pois os militares entendem que todos estão contaminados em algum nível e as ordens são para matar todos e nivelar a cidade com fogo. Em seguida virá o pessoal da limpeza dispor dos cadáveres e cobrir tudo com uma história.

3º Parecido com a opção nº1, mas com a diferença que eles tentam capturar um militar e perguntar o que está havendo. Fazer isso com um oficial está fora de questão, uma vez que eles não se arriscam e tem sempre mais alguns soldados com eles e fazer isso com um soldado não vai adiantar muito, porque os soldados são todos novatos por volta de 21 anos. Eles têm ordens do tipo encontre e mate, mas não sabem o motivo muito bem. Entendem que há uma doença que tem de ser contida pelo bem da segurança nacional e ficam muito perturbados quando alguém lhes tira a máscara para conversar e olhar nos olhos, dizendo algo como “eu vou morrer se não puser de volta a máscara, foi o que me disseram”, mas nenhum dirá algo rude como “vocês estão condenados!” Na verdade, se eles mantiverem qualquer soldado como refém tempo demais ou mesmo matá-lo, logo todos estarão procurando ativamente pelo grupo. O soldado vai dizer que não se alistou para matar americanos inocentes e pedirá para ser solto, prometendo não dizer nada ou declarar que o abrigo aonde eles se encontram está “limpo”. Blossom vai perceber o que acontecerá se ele não voltar aos companheiros (conte isso ao jogador que a interpreta) e dirá isso ao resto do grupo (provavelmente, depende do jogador com a Blossom). O que farão a seguir, confiando ou não no soldado, vai decidir se a história continua ou acaba com a perseguição implacável do exército, do qual os jogadores não têm chance de escapar. Se soltarem o soldado, este vai cumprir sua parte no acordo, mas o prédio aonde se localizam os personagens dos jogadores vai arder de qualquer jeito.

Parte 4 – Inferno Na Terra

Em meio à fuga da cidade, os jogadores precisam confrontar-se com os infectados ao mesmo tempo que se escondem do exército, que pode estar a cada curva da esquina. Passe algum tempo lembrando-os e fazendo-os pensar no que poderia acontecer se eles derem de cara com uma patrulha. Já quando eles encontram os infectados não, eles que ajam como bem entenderem, mas silenciosamente. Em algum momento, vai acontecer uma situação na qual será impossível evitar o combate e, para piorar tudo, algo realmente arrepiante acontece...

...eles não permanecem mortos...

Isso mesmo, os infectados mortos recentemente voltaram para se alimentar dos vivos! E eles são muitos! E aparecem por todos os lados! Um tiro nos miolos os põe para dormir, mas é uma tarefa difícil. Arrancar a cabeça ou quebrar-lhes o pescoço é mais perigoso e não impede a cabeça de continuar a tentar morder. Mas até aí, ninguém sabe que destruir o cérebro é a solução e por essa nem mesmo os militares esperavam. Ouve-se um tiroteio e gritaria generalizados na cidade, seguido do que seria um grande silêncio, não fosse o gemido infernal gerado pelos mortos-vivos, que não param de chegar.

As estatísticas dos mortos-vivos são as que seguem: Força 2, Constituição 2, Destreza 1, Inteligência -2, Percepção 1, Força de Vontade 2, Pontos de Morte 15, velocidade 2. Atacam agarrando e mordendo. Para agarrar ele tem de conseguir passar num ataque resistido pelo oponente, para então imediatamente morder (sem teste). Se o alvo estiver lutando contra vários mortos e ignorar alguns deles, tudo o que o zumbi tem de fazer é passar num teste de destreza simples. A mordida tira pedaço da vítima, infecta com aquilo que te transformará em morto-vivo e dá um dano de D4 x 2. Ele é vulnerável apenas no cérebro e é tão burro que não sabe sequer abrir portas.

A partir daqui, os jogadores fazem o que quiserem. Os militares se foram, mas não seria inteligente pegar qualquer grande avenida saindo de Rainbow. Os mortos-vivos já são problema suficiente, não há balas para todos eles e se trancar em algum lugar esperando ajuda claramente não é um bom plano, já vista a resposta do Governo.

Para complicar ainda mais, o ajudante do Xerife, Bart, que passou o tempo todo dando mostras de que estava contaminado (você ficou dizendo para ele tomar atitudes violentas vez em quando, fazendo teste de Vontade cada vez mais difícil se ele não quiser seguir sua sugestão), de repente toma armas e ameaça todo mundo. Obriga todos a largarem suas armas e saírem caminhando para fora da cidade. Se algum carro aparecer, vai tentar ir no banco de traz com a arma na cabeça do Xerife, que será seu refém preferencial. Se o Xerife tentar confrontar o Bart, este não vai ceder e ficará furioso e cada vez mais paranóico. Se o Xerife tentar fazer isso a cada meia hora, e nunca parar de falar calmamente com o Bart, ele volta ao normal o suficiente para não portar mais nenhuma arma, mas já está muito além da redenção.

O importante para terminarmos por aqui é que eles têm mesmo de sair da cidade, pois foi autorizado o uso de um artefato termonuclear que chegará pela manhã. Claro que os jogadores não têm como saber disso, mas deixe claro que a cidade está inabitável e que mais militares podem chegar. Se eles resolverem tomar uma auto-estrada, irão descobrir tarde demais que o exército está com uma espécie de campo de concentração no meio do caminho, vai avistar o pessoal e aí, perseguição implacável, blá blá blá, impossível de escapar, blá blá blá...

Eles têm de fugir por uma rota alternativa e ainda usando alguma forte distração. Se a Blossom ainda estiver viva e mais ninguém tiver uma boa idéia, é dela que deve sair a idéia. Se não estiver, dê uma dica para o Bart, que não tem nenhuma chance de escapar da maldição que vai acabar por transformá-lo “numa dessas coisas”.

A saída deles da cidade deve ser antes de amanhecer. Algo acontece e simplesmente amanhece de repente, bem atrás deles. Ao se voltarem para Rainbow, podem ver um grande cogumelo atômico se elevando do local, seguido de fortes ventos e de um som ensurdecedor. O cogumelo é tão grande que as chamas que carrega em seu interior continuam iluminando tudo. Medo e incerteza seguem com os sobreviventes, mas a bomba não lhes fará mal além de lhes atirar a todos no chão com a onda de impacto.

Se conseguirem chegar à próxima cidade, a cidade grande, a primeira idéia seria procurar a imprensa e tentar contar o que aconteceu, mas quem acreditaria na história deles? Já há uma história bastante plausível referente a um grande incêndio florestal tomando conta de Rainbow sendo divulgada em rede nacional...

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