segunda-feira, 6 de dezembro de 2010




Faz tempo – mais uma vez – que deixei de falar de mim ou do que acontece comigo por aqui. Vou interromper esse jejum – mais uma vez – falando da minha nova vida sem barba.

Usava barba já há alguns anos, mas já estava com vontade de mudar há algum tempo. Manter uma barba bonita depende de vários fatores, sendo o principal ter pêlos o suficiente. Outros pontos importantes seriam, por exemplo, a escolha de um conte que têm a ver com o formato do rosto do barbudo e a frequência com que você arruma esse corte. Não fazer isso leva você a ficar esquisito ou com cara de mendigo, respectivamente.

Tenho barba desde os onze anos, apear de que na época era ainda muito falha, rala e seus pêlos eram finos. Aos quinze já podia usar cavanhaque, mas não o fazia porque o bigode não juntava com os pêlos do queixo num dos lados. Aos dezoito já tinha tudo: suíças, cavanhaque, mosca... Pêlos inclusive dispensáveis, do pescoço até quase a maçã do rosto. Depois de passar alguns anos testando modelos para mim, usei cavanhaque por algum tempo e depois passava um tempo com e sem barba. Assim foram meus vinte e poucos anos.

Lá pelos trinta resolvi usar a barba completa, excluindo apenas os pêlos dispensáveis e retirando o suficiente debaixo do lábio inferior para marcar bem a mosca. Manter a barba bonita, no entanto, dava algum trabalho.

Primeiro eu tinha de baixar a altura dos pêlos com uma máquina de cortar cabelo. Barbeadores elétricos servem para raspar ou para deixar a barba com aquele aspecto de “mal-barbeado” proposital. Só recentemente surgiram mais facilmente por aqui máquinas que regulavam a altura da barba. Irmão Rafael tem uma, mas ainda corta melhor uma máquina de cortar cabelo que uma de barba. A altura que eu utilizava a princípio era 2 com o menor pente, depois passei a regular na altura 1 para não ter de fazer a barba mais que uma vez por semana, o que freqüente mente eu me esquecia de fazer.

Depois eu tinha de aparar o bigode com tesoura para poder marcar o lábio superior. Isso acontecia porque a máquina não conseguia alcançar essa área. Meu nariz não deixava! O melhor era pentear com um pente de cabeleireiro de perfil estreito e depois usar uma tesoura também para cabelo, mas uma tesoura de manicure também servia. Quando eu esquecia de fazer a barba por tempo demais, o pente puxava os pêlos do bigode que estavam com nós imperceptíveis, o que doía quase como arrancar um pêlo de dentro do nariz. A tesoura de cortar cabelo fazia o corte de uma vez, ao passo que a tesourinha te obrigava a dar muitos cortezinhos, o que podia resultar em falhas no bigode. Uma falha no meio da cara!

No final eu tinha de raspar os pêlos desnecessários. Nunca gostei muito de loção antes ou depois da barba, fazendo tudo com sabonete e lâmina do Sensor da Gillette ou coisa parecida. É verdade que mais lâminas ajudam a barbear melhor, mas não são necessárias cinqüenta lâminas num mesmo aparelho para fazer um barbear decente.

Daí você, mulher, que reclama da sua sobrancelha, não sabe que ter uma barba legal é como ter uma sobrancelha do nariz pra baixo da cara. Fazendo mais uma comparação, assim como mulheres mais velhas resolvem ter cabelos curtos porque dão bem menos trabalho que longos, resolvi raspar logo isso tudo de uma vez.

Claro, outras coisas contribuíram para a decisão. Minha mulher me achava muito bonito de barba, mas me achava lindo sem. Minha barba estava ficando com manchas de pêlos brancos, o que eu sempre achei legal, mas os pêlos quase todos só nasciam do lado esquerdo do queixo, o que parecia doença ou um sinal, o que não é legal ou charmoso. Et cetera.

Quando finalmente tirei tudo pensando em não voltar atrás, não liguei muito pra isso. Foi como quando eu resolvi cortar os cabelos compridos de uma vez: meus cabelos caíam muito e hoje eu seria mais um careca cabeludo. Cortei e não me apoquentei com isso. Até estranhava quando as pessoas não me reconheciam ou coisa assim. Não lembrava, inclusive, que tinha feito uma grande mudança no visual.

Com a barba retirada recebi elogios e críticas. Passei a sentir mais o vento no rosto e os beijos que dou na minha mulher e nos filhos são mais gostosos. É verdade que tenho de fazer a barba ao menos duas vezes por semana e que tenho de comprar mais lâminas de barbear do que antes, mas o trabalho é bem menor. Fiquei com um aspecto mais jovem sem ficar com “cara de garoto”, coisa que eu nunca gostei. Nada, no entanto, supera o olhar que a minha mulher me lança ao mesmo tempo em que me diz “tá muito gato” logo após fazer a barba.

Ela mesma já me perguntou o que eu faria se ela me pedisse para voltar atrás. Também me perguntou se eu estava bem com isso, de tirar a barba. Tudo porque eu resolvi deixar de ser barbudo no dia do seu aniversário, dia 13 de novembro de 2010, como um presente para ela. Eu respondi, basicamente, que só quero agradar à ela e que sempre posso voltar atrás, mas que sim, estava bem com isso e que não pensava em voltar a usar tão cedo. Por ser um homem bastante barbudo, tudo voltaria em uns dez dias. Mas eu já não sou um homem barbudo, assim como um dia deixei de ser um cabeludo, bem como já deixei de usar brincos há vinte anos e não quero nem experimentar de novo.

O próximo lance que eu quero fazer é uma tatuagem, mas essa eu não vou poder deixar de usar depois. Na real: não fiz antes por isso, mas já penso nisso desde criança e tenho certeza de que quero isso. Os detalhes do desenho ficam para um outro post.

A barba foi legal de usar e quase todos os mini-mim que criei para usar como avatares no Internet tinha barba, mas foi um tempo que já passou. Só o tempo e a inspiração dirá o que vem por aí.

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