segunda-feira, 24 de maio de 2010





Faz tempo que eu não falo do meu final de semana aqui. Aqui vai mais um Final de Semana do Cão.

Sexta-feira cheguei em casa e vi algo estranho: no lugar de estar pronto pra mim, meu filho mais velho estava dormindo ainda com a farda do colégio na poltrona da sala. Minha mulher foi logo me dizendo que ele sofreu um acidente no colégio, ao sair do banheiro. Um garoto maior que ele, que tem apenas oito anos, se chocou com ele ao correr por um corredor. Os dois caíram e o Luiz Felipe já levantou sentindo dor no braço. Ela ficou com medo de mandá-lo para o banho e esperava por mim para que eu decidisse o que fazer.

Explico: nas sextas-feiras os meus filhos vão para a casa da Adriana, minha ex-mulher e mãe biológica deles. Geralmente, quando um deles está doente ou coisa assim, vão para a casa dela. Além disso, o melhor hospital de Manaus, talvez, seja o João Lúcio, que é próximo de lá, e que possui um grande anexo só para cuidar de crianças. Mesmo assim, talvez eu quisesse cuidar dele eu mesmo, daí a espera dela. E o garoto estava com medo de mexer o braço.

Enquanto ele dormia, mexi nele bem de leve. Seu braço não apresentava inchaço ou hematomas. Não estava sequer ralado. Cutuquei com o dedo vários músculos e cheguei mesmo a levantar um pouquinho o braço dele. Ele não acordou e eu senti que poderia levá-lo de ônibus ao São José, bairro onde mora a Adriana.

Ele acordou assim que eu terminei o “exame”, mandei-o tomar banho e o ajudei a vestir-se, daí partimos eu ele e o Luan, seu irmão. No ônibus o Felipe foi sentado fazia uma caretinha, mais contrariado do que qualquer outra coisa. Estava mais preocupado com o que a mãe dele iria dizer, se iria gritar com ele ou coisa assim.

A Adriana realmente começou a gritar muito, mas comigo. Naquele momento ainda não havia percebido o que viria a seguir. Depois de algum tempo, ela se acalmou e eu pude explicar o que aconteceu. Ela, no entanto, não entendeu como acidente, mesmo depois que o próprio Luiz Felipe lhe disse que o garoto não teve culpa, e foi jurar vingança com vários de seus amigos que confraternizavam em frente à sua casa.

Dei recomendações gerais, disse para que o levasse ao Hospital no dia seguinte, que não mexessem no braço e que o deixassem descansar. Repeti a história da sua queda umas três vezes. Saí fora.

No caminho de volta me sentia estranho. Será que eu não deveria tê-lo levado ao médico logo? Mas ele parecia bem e a mãe dele saberia o que fazer.

Passei o sábado descansando e vendo TV. Foi um dia de preguiça e só levantava do sofá ou do colchão que pus no chão mais tarde para comer ou ir ao banheiro. Pela noite, no entanto, a Mamma me liga diz que o Felipe havia quebrado o braço. Era o começo de uma chatisse sem fim.

Explico: como a Mamma tem uma franca tendência em entender que eu faço tudo errado e que tudo de errado que acontece é culpa minha, ela já liga me esculhambando. Mais: a Mamma não ouve nada bem, de maneira que tentar explicar as coisas por celular é muito difícil, mas você tem de fazer isso mesmo assim, pois ela ligará perto de cinco vezes na mesma noite perguntando coisas que esqueceu de perguntar.

É mais ou menos assim. Ela pergunta algo bem alto, num tom de acusação, você responde bem alto. Ela “O QUÊ?”. Você grita a resposta, com os presentes te olhando estranho. Ela “HÃ?” Você grita realmente alto, de maneira que os vizinhos entendem que você está estrangulando alguém enquanto o amaldiçoa e os presentes dizem “meu Deus” completamente embasbacados/com vergonha alheia.

E lembre-se, isso vai se repetir quatro ou cinco vezes. Não dá para dizer que vai explicar depois: é seu netinho querido, de braço quebrado.

Fiquei imaginando porque a Adriana não me ligou para falar. Bem que eu tentei lhe telefonar, mas parecia que o telefone estava ocupado o tempo todo. Ela e a Mamma não se entendem, mas ale liga justo para uma das pessoas que vai atrapalhar mais a minha paz. Vai entender.

No domingo tomei um café regional com a minha Nilsandra e me mandei para o São José. Iria buscar o Luan e ver como estava o Luiz Felipe. Não foi difícil o ônibus e ainda estava um pouco ansioso, desde que soube que o meu mais velho estava mal. Chegando lá, estava tudo em paz, exceto pelo Felipe que chorava querendo ir embora. Eu resolvi levar só o Luan, pois no dia seguinte haveria um retorno ao médico. Conversei um pouco com ele até que se acalmasse, prometi que iria ficar bem ainda que demorasse um pouco, me certifiquei dos remédios e se eles estavam sendo corretamente administrados, peguei o Luan e saí fora.

Cheguei em casa me sentindo meio cansado, mas domingo é dia de faxina e eu não poderia me dar a esse luxo. Fui lavar louça antes e depois do almoço, saí para pegar água potável (dois garrafões) e arrumei um arame para mexer no ralo do banheiro. Depois de tudo isso o Luan queria brincar comigo e resolvi levá-lo para passear no Amazonas Shopping.

Era isso ou ficar correndo pra lá e pra cá com ele na rua...

O dia estava bom para a caminhada, o ruim é que eu faço tudo à pé desde que levanto. Fui lá, ele tomou um sorvete e demos uma volta. Uma coisa que gostamos de fazer é experimentar óculos escuros que jamais compraremos em lojas como Riachuelo e C&A. Descobri no entanto que há All Star para o tamanho do Luan na C&A e provamos isso também.

A Mamma me liga gritando para me informar que quer ir lá no São José na segunda-feira para levar um bolo para o Luiz Felipe. Hoje é seu aniversário e tivemos de adiar a festa para que o aniversariante pudesse estar presente. Ela me queria junto dela porque não sabia chegar lá de jeito nenhum e eu disse que a gente combinava no dia seguinte, mas já sentia aquela impressão de que isso era uma má idéia, que ela iria me encher a paciência milhões de vezes.

Ao retornar em casa, mais problemas. A professora do Luiz Felipe lembrou-se de que os colegas do Felipe haviam sido avisados de que haveria festa, não levariam comida e passariam fome, uma vez que não sabias do cancelamento. Ela mesma resolveu mandar fazer um bolo, uma vez que é amiga nossa e nós teríamos de arcar com os refrigerantes.

O caso é que não tínhamos dinheiro, então tinha de ir pegar isso com alguém e então ir comprar no supermercado no dia seguinte, que já tinha coisas demais na agenda.

Mas como desgraça pouca é bobagem, pela manhã o Luan apareceu com a garganta inflamada e febre. Depois de me desocupar e de aplicar remédios e banho no menino, fui à casa da Mamma deixar meu filho e falar com o Irmão Rafael sobre um empréstimo, depois fui ao supermercado e ainda retornei para almoçar por lá mesmo.

Cheguei tarde e muito cansado em casa. Vários litros de refrigerante me quebrando após trinta minutos de caminhada debaixo do sol de Manaus. Ainda havia outros trinta minutos de caminhada ao trabalho depois disso. Passei um pouco de tempo em casa, me recompondo e saí fora.

No trabalho está tudo calmo, mas logo vou ver o filhão. Sei que a Mamma vai me encher o saco, mas o plano é bancar o superior. É aniversário do Felipe e não vou estragar isso com uma briga. Lá na Adriana estão sem telefone ou celular e ela não sabe da visita. Se ela tivesse me ligado para falar como foi no médico hoje, como combinamos, teria sido advertida. Espero não chegar lá em má hora, de saco cheio e com a Mamma me pressionando. Espero que o meu filhão esteja legal.

E tudo isso segunda-feira! A semana só está começando...

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