sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A importância em se divertir quando sitiado.

O mundo acabou, por assim dizer. Os mortos voltaram e passaram a se alimentar dos vivos, não há mais instituições tais como bancos, colégios, hospitais ou mesmo exército. A comida é a que você tem e conseguir mais vai ser difícil. A água é preciosa. A maior parte das pessoas que você conheceu um dia morreu, incluindo muitos parentes, e vários retornaram como mortos-vivos. Que motivos você teria para se divertir, se há mesmo poucos motivos para continuar?


Primeiro: o motivo principal para continuar é que a vida continua e sempre vai dar um jeito de seguir em frente, enquanto houver uma Terra para lhe abrigar.


Segundo: Se você não arrumar um meio de se divertir, a tensão vai matá-lo ou enlouquecê-lo. Se não acontecer isso com você, pode acontecer com alguém do seu grupo. Tudo o que você não quer é estar preso com um grupo furioso, instável ou imprevisível, cercado pelos mortos por todos os lados.


O divertimento é importantíssimo. Serve mesmo para controlar multidões. É por isso que certos governos fazem vista grossa para jogos ilícitos, é por isso que há a hora de tomar sol e fazer exercícios nas cadeias. Foi por causa dos coliseus que Roma não sucumbiu antes.


Os astronautas têm jogos para passar o tempo em que não estão trabalhando. De certa forma estão em situação semelhante a alguém sitiado ou cumprindo pena, pois não podem sair de forma alguma e tem de, ao menos, se suportar mutuamente e trabalhar muito bem em conjunto. Por isso mesmo, servem de referência de estudos. Foi com os astronautas que se descobriu, por exemplo, que jogos competitivos como o xadrez não são interessantes nesse contexto, porque perder vezes demais também leva ao stress, assim como ganhar em sequência leva à prepotência.


O jogo tem de servir para distrair, entreter ou ensinar. Se um jogo assim não puder ser jogado então deve-se deixar de lado e ficamos apenas com os livros e passatempos tais como pintura ou a escrita. No entanto, o jogo é fortemente recomendado, pois serve de termômetro nas relações humanas do seu grupo e é algum para o grupo fazer em conjunto.


Existem muitos jogos em que o objetivo final não é ganhar, mas apenas se divertir. Um dos mais fáceis de jogar é o RPG, pois não se faz necessário nada além da imaginação. O RPG tem ainda o bônus de te levar a outro lugar e só é necessário que um do grupo seja um mestre de jogo para que os outros possam passar o tempo assim.


Depois de algum tempo, todas as cruzadinhas e sudoku se acabarão. Vai ser praticamente impossível colecionar algo. As tintas para as pinturas serão difíceis de se repor. Mesmo o seu livro predileto, depois de lido mais de cinquenta vezes, vai se tornar chato. Não haverá energia para assistir a filmes e a maior parte das pessoas não tem veia artística para encenar uma peça de teatro. É aí que o jogo entra em cena. Nunca se esqueça de tentar se divertir, mesmo no fim do mundo.


Metafisicamente, vida é um processo constante de relacionamentos. Para viver bem, temos de nos relacionar bem uns com os outros.

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