Clique na imagem para ampliar. Esta imagem foi roubada deste flickr.
Ontem, depois de muito tempo
(dias!) querendo jogar Marvel: Avengers Alliance no Facebook e reclamando o
tempo todo por não conseguir, joguei um pouquinho já no meio da noite, depois
de tentar por mais de uma hora em dois computadores diferentes.
Minha conexão é vagabunda e
não presta para algumas coisas em algumas ocasiões, como quando chove ou fica
mito nublado. E estamos no período das chuvas, que durará uns seis meses mais
ou menos.
Havia feito um calor denso o
dia inteiro, desce muito cedo, mas quando eu saí para buscar a minha Bonitonana musculação
vi que iria chover pra caramba e pensei algo como “puts, lá se vai o meu jogo
de novo...”.
Voltei vinte minutos depois e
o jogo ainda estava carregando (!!!) um combate, joguei um pouco depois por
aproximadamente 20 min, passando muito mais tempo esperando o jogo carregar do
que jogando efetivamente quando começou a chover.
Choveu forte pra caralho!
Consegui concluir uma luta lá
e relutantemente desliguei o computador, até porque as luzes piscaram. Depois o
vento bateu com tanta força na janela da sala que conseguiu passar pela brecha
central fazendo um som esquisito. Fui lá e tranquei melhor.
Me dirigi ao quarto e reuni a
família lá. Moro com duas filhas e a esposa e só a Mariana, de dois anos, não
tem medo de tempestades. Depois fui escovar os dentes quando a minha gatona
começou a me chamar na sala.
“O que que ela foi fazer na
sala?” Pensei.
É que ela é paranóica e foi
ver, novamente, se estava tudo bem trancado, desligado, protegido. Ela
encontrou a chuva alagando a sala, mesmo com a janela fechada, dada a força com
que esta açoitava a casa. Antes disso, ela já havia reforçado a janela no
quarto da Maria que tem um vidro solto. Depois a Maria me disse que o vidro
estava batendo, mesmo com a janela fechada, mesmo depois que o grosso da
tempestade passou. Enxugando a sala, que ficou parcialmente submersa, enchi
meio balde com água da chuva.
Logo depois disso, começamos
a ouvir o que parecia ser uma briga de torcida: telhas voavam bem perto da
porta da nossa casa, raios explodiam ao redor, janelas batiam violentamente nos
vizinhos, pessoas corriam e gritavam. Minha esposa simplesmente não conseguia
ficar no quarto, andando pelo corredor, as mãos com dedos entrelaçados,
repetindo “meu deus!” e eu repetia “vá ficar com as meninas”.
Ela foi, mas não por muito
tempo. O barulho, que já era alto, começou a andar mais. Nossos vizinhos
estavam todos do lado de fora de suas casas por algum motivo desconhecido, mas
desconfiávamos que tinha a ver com destelhamento. As tenhas estavam chovendo
com uma frequência assustadora, mais gente gritava e corria, pessoas entravam
em seus carros e os levavam para algum lugar mais seguro ou debaixo de lages.
Cheguei a ver as tenhas passando rápido e bem próximas ao basculante da cozinha
(e minha esposa ouviu o homem que morava por lá gritar algo como
PELAMORDEDEUS!).
Fui olhar as meninas. Estavam
bem, apesar de que a Maria estava sentada em cima da cama, no canto do quarto,
enrolada num edredom e nem seu rosto escapava. Para a distrair, mandei-a
distrair a irmã e logo estavam brincando.
A chuva foi amainando e as
pessoas começaram a conversar com a gente. Quem nós pensávamos que estava
lascado sem telhado estava bem e corriam para ajudar os que estavam mal. Um
buraco num telhado próximo bem no meio da sala de um vizinho acabou com a noite
da família dele. Telhas coalhavam o chão mesmo de áreas cobertas por laje, mas
por algum motivo não acertaram um carro que estava bem no meio dos destroços.
Estavam todos encharcados e já começavam a limpar a área, a chuva ainda caindo,
mas muito amena. O céu mostrando que não pararia de mandar água tão cedo, mas
já sem força. Minha esposa comentou que eu deveria ir lá fora arrumar as coisas
com eles e eu só pensava que a chuva ainda não havia acabado e que não valia a
pena, mas fui até lá pelo social, para interagir. Afinal, quando todos ajudavam
os vizinhos em necessidade, eu estava cuidando dos meus!
Eu estava seguindo a primeiraregra no caso de um Apocalipse Zumbi: ficar em casa e esperar a poeira baixar,
uma vez que o pânico causa a maior parte das mortes num primeiro momento.
Foi aí que as pessoas com
celulares que funcionavam começaram a me contar como as coisas iam no resto da
cidade, o que aconteceu com quem, como estava a Dona Zezé, dona da nossa vila,
que perdeu completamente o telhado (uma das minha vizinhas viu quando ele se
enrolou como um rocambole e caiu na casa de um outro vizinho). Como formigas,
falávamos enquanto arrumávamos a bagunça das telhas diligentemente. Liguei para
o Irmão Rômulo, mas não tive respostas (ele me ligou depois informando que a
chuva no Centro havia sido hard core).
Fui dormir lá pelas 23:00
pela mais absoluta falta do que fazer. Todos dormiam, já.
Uma hora depois a luz foi
embora e não voltou até então, quase 12 horas depois. Ao sair de casa fiz uma
volta um pouco maior que o necessário para ir ao trabalho e vi árvore tombada
em carro, igreja destelhada, carro rodando com pára-brisa em frangalhos, galhos
espalhados por todos os lados e mais telhas, muita lama e até um pombo manco na
porta da minha casa. Os ônibus demoraram muito, no caminho pro trabalho vi mais
destruição e na ALEAM não há ar-condicionado, pois os geradores de emergência não suportam os
condicionadores. Há amigos aqui que não tiveram problemas, mas outros não têm
água ou luz em suas residências desde as 22:00 de ontem, com a comida
estragando na geladeira e impossibilitados sequer de começar a limpar as
coisas.
Dizem que foi um “resto” do
furacão Sandy que atingiu os EUA matando vinte e cinco lá e mais um no Canadá, mas sei
que não pode ser graças à propriedades na minha região. Sei que isso tem a ver
com a minha região mesmo, não com algum furacão em outra parte do planeta. Mas certamente
nos fez pensar em como será estar num lugar como os que passaram pela Sandy,
com tudo o que passamos multiplicado por três ou quatro.
Mais notícias aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário