quinta-feira, 18 de outubro de 2012




Amealhei várias informações sobre cocô que gostaria de dividir com vocês. Escrevi em forma de perguntas e respostas porque achei conveniente.

É importante saber sobre cocô, mas muita gente não sabe quase nada. Me toquei disso quando vi parte de uma matéria sobre isso numa grande rede de televisão brasileira. O formato, a textura, a freqüência e outras coisas precisam ser verificados diariamente, mas há gente que sequer quer falar no assunto, simplesmente dando descarga.

Porque eu quero falar de cocô no Sucupiras? Porque eu gosto de falar disso, como a maioria dos homens, e a minha esposa não. Se eu não posso falar de cocô em casa, vou falar virtualmente. Leia com atenção que aqui você vai ter assunto para várias reuniões e pode mesmo salvar a sua vida!


1 – Quantas vezes devo fazer cocô?

O normal é fazer cocô todos os dias, mas em humanos isso pode ocorrer de uma vez a cada dois ou três dias até várias vezes por dia. Passar mais de dois dias sem cagar pode levar à constipação, que é o endurecimento do cocô dentro de você, lhe empatando de arriar o barro, o que pode lhe matar!

Na hora de fazer cocô um ser humano adulto faz força literalmente, tanto voluntária quanto involuntariamente (movimento peristáltico, o mesmo que leva a comida da garganta pro estômago). Começa com a ampola rectal (aquele espaço em que o pau fica quando você erraba alguém) acumulando cocô. Com o passar do tempo o “material” enche aquilo lá. O relaxamento do esfíncter anal interno (o que não significa o relaxamento do externo, o cu) faz com que um sinal seja enviado para o cérebro, indicando um desejo para castigar a louça.

Se não cagar desta vez, o cocô volta pro cólon através de peristalse reversa e mais água é absorvida, uma vez que este é o trabalho dos intestinos, o que reduz temporariamente a pressão do interior do recto. O cocô passa a se acumular no cólon até que o movimento peristáltico empurre tanta bosta que tudo é devolvido para o seu devido lugar. Se você não fizer cocô de novo e de novo, com o passar do tempo os intestinos tiram tanta água do tolete que ele endurece, resultando em constipação.

O certo é que assim que o sinal de cagar voluntário é enviado de volta para o cérebro, a fase final do ciclo do cocô começa. Contraem-se músculos abdominais, fazendo com que a pressão intra-abdominal aumente. A parede perineal é reduzido fazendo com que o ângulo rectal diminua de 90 graus a menos de 15 graus e o esfíncter anal externo (cu) relaxa. Com o reto contraído e mais ondas peristálticas, o cocô sai bonito cu afora.


2 – Quantos tipos de cocô existem e como é o cocô ideal?

Ao longo da vida um cidadão pode fazer tipos diferentes de cocô. Um verdinho acontece quando passa muito rápido pelas tripas e não dá tempo de absorver o que devia, ou o cara comeu muito corante azul ou verde, enquanto  cor-de-barro pode aparecer com falta de bilirrubina.

Cocô varia muito no aspecto, dependendo de coisas como dieta e saúde. O normal, que deixa você orgulhoso, é o semi-sólido, com um revestimento de muco, castanho. A cor é uma combinação de bílis e bilirrubina, um troço que surge com as células vermelhas mortas do sangue.

E porque bebezinhos têm cocô amarelo ou verde? É porque ainda não têm bilirrubina na parada! Só com o tempo o corpo expulsa bilirrubina do sangue e o cocô adquire a sua cor familiar marrom. Isso só vai acontecer depois que o bebê passar a comer algo mais que leite de peito, quando o cheiro vai ficar ruim, também. Cocô de recém-nascido nem fede direito!

Eu disse antes que a cor é importante e aqui vai o porque: qualquer alteração na cor pode ser resultante de alguma desgraça no organismo. Diarréia grave (fininho) pode causar sangue no cocô. Cocô preto indica um problema nos intestinos, ao passo que enquanto estrias vermelhas de sangue nas fezes são geralmente causados ​​por um sangramento no reto ou ânus.

Finalmente, beterraba pode pintar o cocô de vermelho. Corante artificial pode dar um colorido especial no cocô se ingeridos em quantidades suficientes, mas não é por isso que você vai tentar fazer cocô da sua cor predileta, né?


3 – É normal aparecer milho ou feijão no cocô?

Sim, relaxa. Alimentos não digeridos mais comuns: sementes, nozes, milho e feijão. Isso acontece porque que esses alimentos têm alto teor de fibra alimentar.


4 – Prender a respiração, soprar, engolir ar, influencia na hora de fazer cocô?

Sim, existe inclusive um taijutsu! Você inspira o ar profundamente e tenta soprar, mas prenda a passagem desse ar com a glote. O nome técnico é Manobra de Valsalva. Se você a fizer corretamente agora mesmo, enquanto lê isso, vai sentir seu cu fazer bico.

Sentiu?

Esta contração dos músculos expiratórios do peito, diafragma, músculos da parede abdominal, pélvica e diafragma exerce pressão sobre o aparelho digestivo, o que ajuda a fazer cocô. Tem gente que faz isso inconscientemente.


5 – Posso ter um troço fazendo cocô, obrigando minha família a arrombar o banheiro para me ajudar todo cagado?

Infelizmente, sim. Há uma chance de você se foder cagando de várias maneiras diferentes. Eu conheço uma história assim, mas raramente conhecemos esses casos porque as pessoas evitam comentar.

Durante o ato de fazer cocô, a pressão sanguínea torácica sobe e, como uma resposta reflexa, a quantidade de sangue bombeado pelo coração diminui. Morte (!!!) tem sido causadas nos casos em que a cagada aumenta a pressão arterial o suficiente para causar a ruptura de um aneurisma (derrame, no popular) ou de desalojar os coágulos de sangue (a popular e internacional trombose). Você não tem como saber se tem predisposição para um derrame, mas se tem varizes pode ter trombose dia desses...

Além disso, os que gostam da Manobra de Valsalva devem saber que a pressão arterial cai, o que muitas vezes associada a levantar-se rapidamente do trono termina num desmaio, o que certamente fará com que sua família ouça o baque do seu corpo no chão, levando-os à arrombar e porta e ter ver daquele jeito lastimável.


6 – Porque cagamos e mijamos ao mesmo tempo quase todas as vezes?

Quando você faz cocô não só seu cu relaxa, mas os músculos que seguram o mijo também. Esfíncteres anal e uretral estão intimamente ligados, sendo que os experimentos do Dr. Weed Harrison na Ohio State University Medical Center mostram que eles podem ser contraídos apenas em conjunto, e não individualmente, e que ambos mostram relaxamento durante a mijada. Ele concluiu, então, que por isso o cocô freqüentemente vem acompanhado de uma xixada, bem como mijada pode vir também com peidos.

Como ele conduziu esses experimentos, eu deixo à encargo da sórdida imaginação dos leitores...

Diga-se de passagem, um Dr. Weed só poderia fazer pesquisas doidonas!


7 – Porquê, às vezes, fazemos cocô sem querer?

Cagar pode ser um ato involuntário ou voluntário. Os seres humanos aprendem controle voluntário através de treinamento, mas depois disso aprendido a perda de controle do cu, conhecido clinicamente por incontinência fecal, pode rolar por diversos motivos. Danos no cu, se cagar de medo, pisão na barriga, doença inflamatória do intestino, caganeira física ou psicológica e fatores neurológicos são alguns exemplos.

É normal gente com doença terminal costuma passar por isso. Não bastava morrer de uma doença terrível, tinhe de se cagar algumas vezes primeiro para a desgraça ser completa!


8 – A expressão “mais antigo que a posição de cagar” é bem conhecida, mas qual é a posição ideal para cagar?

Por incrível que pareça, as posições e modalidades de cagar variam com a cultura. O método natural e instintivo, criado e abençoado por Deus, praticado por todos os primatas, incluindo os seres humanos, para defecar, é a posição de cócoras. Banheiros Squat (aqueles que consistem de um buraco no chão, para que você possa cagar agachado), ainda são usados ​​pela grande maioria do mundo, principalmente na África e Ásia. O troninho criou a posição de cagar sentada no mundo ocidental e é um desenvolvimento recente, rolando desde o século 19, graças à água encanada.

Não obstante, Henry L. Bockus (1894-1982), Mestre em Gastroenterologia, criou um livro padrão sobre a antiga posição de cagar. Nele afirma que “a postura ideal para a defecação é a posição de cócoras, com as coxas flexionadas sobre o abdômen. Deste modo, a capacidade da cavidade abdominal é grandemente diminuída e pressão intra-abdominal aumentada, encorajando assim a expulsão”. Ou seja: a antiga posição de cagar de que tanto se fala é o cagar de cócoras.


9 – Nos cuidados pós-cocô o que é melhor, limpar com papel ou água?
 
O cu e a bunda podem ser limpo com papel higiênico, guardanapos ou outro material absorvente, como filtros para café. Jornal não é legal, mas é melhor do que nada. Em algumas culturas o povo lava o negócio com um bidé ou tomando banho, tanto como complemento ao papel quanto exclusivamente. No Japão, onde o povo gosta demais de tecnologia, existem banheiros conhecidos como washlets que lavam e secam o cu do cliente após o cocô, sendo muito comum em domicílios ou banheiros públicos da Terra do Sol Nascente.

Ainda assim, há culturas e contextos diferentes, onde usam trapos, folhas, algas marinhas, espigas de milho, esponjas ou bastões. Pergunto: você se imagina limpando a bunda com um bastão?

Se limpar com papel começou na China e se espalhou pelo Ocidente. Antes de criarem papel exclusivamente para isso se utilizava jornal e folhas de listas telefônicas. Na África ainda é mais usado o jornal porque o papel higiênico é muito caro. Inventaram o bidê na França mais ou menos em 1710, mas era algo do quarto, indo para os banheiros apenas no século 19. Na Índia 95% da população usa água para se limpar depois do cocô, com ou sem sabão, sendo que no caso de água escassa usam pedras (!!!) ou outros troços duros, mas para lavar as mãos depois usam água e sabão, sendo que se não houver sabão, usam terra, cinzas ou areia.


10 – O que é cocô, afinal?

Diz a Wikipedia que “é um produto residual do trato digestivo de um animal expelido através do ânus ou cloaca durante um processo chamado de defecação.”
 
Cocô são fezes. Fezes é o plural da palavra latina fæx, que significa escória. Não há forma singular no nosso idioma. Existem bilhões de nomes comuns para fezes, muitas são consideradas palavrões, outros não. Há ainda termos utilizados para se referir ao cocô dos animais.

Fezes é um termo comum para o cocô dos seres humanos.

Depois de comer, os restos são expulsos do seu. Diz que 50% das calorias ainda estão por lá e é por isso que muitos organismos se alimentam de cocô, entre bactérias, fungos, insetos e seu cachorro. Essa porcaria que ele faz tem nome bonito: coprofagia. Vários animais fazem isso como complementação alimentar. Elefantes jovens comem cocô da mãe para obter uma flora intestinal decente, por exemplo.

Ainda bem que conseguimos isso com activia.


11 – Porquê o cocô fede?

Porque está até o tucupi de bactérias. Essas bactérias que chamam flora intestinal, que produz indol, escatol e tióis, que contém enxofre, assim como o sulfureto de hidrogénio do gás inorgânico. O peido é feito disso, para se ter idéia. Algumas comidas deixam o cocô mais ou menos cheiroso através de partes não-digeridas.


12 – Posso usar meu cocô pra fazer alguma coisa em vez de jogar tudo fora?

Sim, pode usar seu cocô como adubo depois de passar por um tratamento. Dizem as más línguas que as bactérias do activia são retiradas de cocô de gente


13 – Alguém já ganhou dinheiro com cocô de gente?

Muitos! Gastroenterologistas, pessoal que o faz exame de fezes acontecer e por aí vai. O mais interessante, porém, talvez seja um japonês que escreveu um livro infantil chamado Todo Mundo Faz Cocô publicado pela primeira vez no Japão pela Shoten Fukuinkan em 1977 dentro da série Kagaku No Tomo Kessaku-Shu, que desde então foi traduzido para diversos idiomas e vendido no mundo todo. O livro diz às crianças algo que eles não poderiam ficar sem saber: que todos os animais fazem cocô e que eles sempre fizeram isso.

Atenção: spoilers à frente!

O livro é essencialmente sem enredo, com as primeiras 16 páginas compostas de vários avisos sobre comparação entre o cocô dos animais. Cito "um elefante faz um cocô grande" e "um rato faz um cocô pequeno"). Explica ainda que várias espécies podem produzir diferentes tamanhos e formas de cocô e traz perguntas superintrigantes, tais como "com o quê o cocô da baleia se parece?".

Na página 17 um menino sem nome, de macacão preto e camisa vermelha é visto correndo em um banheiro. O livro explicar a partir daí como as pessoas de todas as idades fazem cocô e como as crianças podem usar fraldas. Depois disso, existem apenas mais três ilustrações. Depois, na próxima página do livro, a criança usa papel higiênico e libera trono. No final o livro explica que os animais fazem como cocô porque comem, terminando com a visão traseira do menino e seis outros animais cagando alegremente, lado a lado.


14 – Porquê merda é palavrão até em outros idiomas se é normal, necessário e todo mundo faz?


Porque cocô sempre foi associado com a escória da sociedade.

O sistema de castas na Índia foi criado ao longo das linhas de profissão e os dalits (intocáveis) foram deixados para fazer o trabalho de, literalmente, meter a mão na massa: pegar cocô das ruas, banheiros e trabalhar com cadáveres. Shit, "merda" em inglês moderno, tem suas raízes no uso da palavra para denotar algo que é de pouco valor, ou de ter um valor negativo.


É isso, pessoal. Qualquer dúvida, perguntem nos comentários!

Um comentário:

Unknown disse...

Muito, muito interessante seu estudo sobre cocô, meu amorzão!! Gostei, do estudo!! Mas continuo não gostando de falar sobre cocô, principalmente na hora das refeições!. Te amo!!