Enquete de agosto “Quando ouve uma música boa, você...” foi concluída com o resultado apontando que a maioria “canta”. Natural. O que pode mudar é o conceito do que é uma boa música.

Independente do conceito do que é bom ou ruim, por sermos criaturas falantes, cantamos. Isso porque não somos papagaios, que meramente repetimos os sons ouvidos. Muitos de nós inclusive contam sem saber a música, fazendo o popular “embromation”. Sentimos necessidade de falar, e cantar é uma das formas de se fazer isso.

Se as artes são uma forma de transformar o impulso sexual em outra coisa, como diria Freud, o canto está ao alcance de todos, pois se você não canta bem, não há problema em cantar mesmo assim. E é de graça! Talvez por isso se sintamos tanto prazer em cantar quando ouvimos uma boa música, o que não ocorre, por exemplo, quando cantamos simplesmente porque a música ficou na nossa cabeça.

Não se importe com o lugar ou ocasião: cante. Cante baixinho se for o caso, mas cante. Cantar é bom e faz bem. Dizem até que espanta os males. Cantar chama tanto a atenção que há muito mais músicas cantadas que instrumentais e são os vocalistas que frequentemente chamam mais atenção em uma banda. Quem repara em baterista é baterista, quem repara em guitarrista é guitarrista – ou gostaria de ser – e assim por diante. Cantar está ao alcance de todos, mesmo os que não sabem fazer isso. Cantar é tão acessível que se canta desde muito pequeno. Pode-se fazer isso debaixo do chuveiro, dirigindo ou escalando uma árvore, o que seria impossível ou ao menos muito ruim de se fazer com um violino, por exemplo

Quem gosta de dançar, ou ouvir uma boa música, vai sair requebrando por aí, mas em condições adversas, como andando de bicicleta, vai optar por cantar. Ao menos deveria. Porque não cantar, né?